Meio Ambiente São Sebastião

Lancha continua no Montão de Trigo e pescadores reafirmam que mancha é combustível

Tamoios News
Fotos: Divulgação

Confira vídeo que mostra o tanque de combustível da embarcação deixada na Ilha Montão de Trigo

 

Por Leonardo Rodrigues

A lancha, modelo Ferretti 530, abandonada desde a noite do último sábado (4), continua a compor a paisagem na Ilha Montão de Trigo. Pescadores locais não sabem quando a embarcação será removida. Contudo, afirmam que a mancha no mar trata-se do combustível vazado desde o incidente.

Valéria Oliveira, moradora da Ilha Montão de Trigo, conta que não tem dúvidas quanto a substância encontrada no mar. Com o incidente, um cheiro forte de óleo tomou o local, devido ao vazamento de combustível. “Acho que vazou o combustível inteiro. Uma faixa de mar no entorno da ilha foi tomada de óleo. O cheiro era muito forte”, fala Valéria.

Adilson de Almeida Oliveira, pescador do Montão de Trigo diz também não ter dúvida quanto a mancha que estava por toda parte da ilha até essa terça-feira (7). “Agora a maré já levou a macha. Mas com certeza era combustível. O tanque foi atingido. O cheiro era forte, principalmente no domingo (5). Não temos dúvida. Agora é ver como fazer com a pesca, já que o óleo atingiu principalmente a costeira. A pesca agora diminui”.

Oliveira relata que nessa quarta-feira (8), equipes da seguradora da embarcação trabalharam no local para definir como retirar a lancha. “O casco, a estrutura toda está comprometida. Eles pensaram em amarrar balões de ar, para que a embarcação flutuasse e pudesse ser rebocada. Mas não tem nem como amarrar. Estão pensando em fatiar a lancha. Cortar e levar em pedaços”, fala Adilson.

A reportagem tentou entrevistar a equipe da seguradora, que preferiram não se manifestar. Os pescadores da ilha descrevem que a embarcação tem 53 pés, com capacidade aproximada de 2 mil litros de óleo de combustível.

A coordenadora de proteção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio Alcatrazes, Edineia Correia, já havia confirmado que uma equipe foi ao local do incidente na tarde do domingo (5). Os primeiros a conferirem o incidente in loco. Segundo ela, ao chegarem constataram o óleo, que estava se dispersando na direção noroeste. Ou seja, indo para a costa de São Sebastião.


Prefeitura – Contudo, o diretor de planejamento e abastecimento da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), Leandro Saadi, afirmou na terça-feira (7), que não houve vazamento da embarcação deixada no Montão. “A lancha que colidiu na Ilha no último domingo não teve o motor afetado, portanto, não teve vazamento de óleo diesel no mar”, explicou Saadi. Embora, tenha realizado vistoria nas praias de Toque-Toque Pequeno e Santiago, Saadi ainda não chegou a ir na Ilha Montão de Trigo.

As vistorias foram feitas nas praias do continente, com equipes da Coordenadora da Defesa Civil, Semam e Porto, para averiguarem o que consideram “suposto vazamento de óleo” da embarcação que está na Ilha Montão de Trigo. A conclusão foi que as manchas no mar próximas já à Praia de Santiago era o fenômeno natural chamado Maré Vermelha, que consiste no acúmulo de algas microscópicas na água. O que ocasiona a mudança de cor da maré, podendo ser de vários tons, como marrom, alaranjada e vermelha, o que causou a confusão nos pescadores.

Assim, os relatos das manchas escuras no mar provenientes do óleo da embarcação que abalroou nos rochedos da Ilha Montão do Trigo, foi desmentida pelos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente. Depois das conclusões da Semam, um plano de contigência elaborado pela Defesa Civil foi descartado.

Segundo o coordenador da Defesa Civil, Ricardo dos Santos, um plano de contingência já havia sido preparado pelo município, com embarcações, bombas de sucção e lonas de contenção para evitar o alastramento do óleo, caso fosse o caso. “Enquanto as equipes de mar faziam todo o preparativo para a contenção e remoção do óleo, outra por terra veio verificar no local do que realmente se tratava. A denúncia que recebemos é que haveria um vazamento de óleo, porém, está constatado ser o fenômeno Maré Vermelha”, considerou Santos na terça-feira.

Coletas após 4 dias – Só ontem (8), a Prefeitura  realizou visita técnica no local onde a embarcação foi abandonada desde a noite do último sábado (04), na Ilha Montão de Trigo. Desta vez, a Prefeitura diz que após os moradores relataram vazamento de óleo, e as providências legais já estão sendo tomadas.

Segundo a bióloga da SEMAM, Katherine Amorim, no entremarés rochoso próximo ao local de encalhe do barco, não foi perceptível mortandade de fauna. A bióloga disse ainda que não foi identificado nessa quarta-feira (8), odor sob a comunidade ou substância viscosa impregnada nela. “Entretanto, é preciso estar atento, uma vez que pudemos observar algumas pequenas manchas de óleo nas proximidades da embarcação”, admitiu.

Ontem, o diretor de Planejamento e Abastecimento da Secretaria de Meio Ambiente (SEMAM), Leandro Saadi, disse terem sido feitas coletas de amostras de gastrópodes e cracas, no intuito de enviá-las para órgãos competentes que possam realizar análises toxicológicas.

Os técnicos da Secretaria de Meio Ambiente foram auxiliados por dois agentes da Defesa Civil de São Sebastião, que verificaram as condições da embarcação e da comunidade local. Caso houvesse necessidade, a Defesa Civil estava preparada para a colocação de “absorventes” na área próxima à embarcação para conter um eventual vazamento de óleo.

Cautela – Já a Marinha do Brasil adotou uma postura mais cautelosa quanto ao incidente. Antes de descartar a possibilidade de óleo no mar. O Delegado da Capitania dos Portos em São Sebastião, e Capitão de Fragata, Luís Antonio Anídio Moreira, tratou a mancha próxima a Praia de Santiago como uma “mancha orfã”. O capitão explica que é preciso colher amostras de óleo, inclusive das embarcações que estiverem nas proximidades, para após uma análise laboratorial, identificar o agente poluidor. “É um procedimento demorado. Temos que colher amostra da água. Estou iniciando o procedimento”, adiantou.
Confira vídeo que mostra o tanque de combustível da embarcação deixada na Ilha Montão de Trigo, feito por pescadores locais:

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