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Moradores e lojistas avaliam implantação da Zona Azul na cidade

Tamoios News
Divulgação

Por Leonardo Rodrigues

A implantação de estacionamento rotativo pago, a chamada Zona Azul, em São Sebastião já é uma questão consolidada. Pelo menos para o Poder Público, diante dos vereadores que aprovaram, por unanimidade, o projeto de autoria do Executivo. A decisão foi tomada nas sessão ordinária da Câmara Municipal nessa terça-feira (17). O Portal Tamoios News foi atrás de moradores e lojistas que avaliaram se a Zona Azul seria a melhor alternativa para a pouca oferta de vagas de estacionamento no Centro da cidade.

Lojistas – Zemilton Maia, proprietário de um restaurante, se posiciona contrário. Para ele, a Zona Azul é algo que deveria ser testado antes de uma decisão no Legislativo. “Deveriam ter feito um período de experiência, provisório, só com advertência, sem multa. Assim, poder avaliar, fazer ajustes, e aí sim, ser votado na Câmara”.

Para ele, o transporte público poderia ser uma alternativa para desafogar o tráfego no Centro. “Um projeto como esse (Zona Azul) não teria problema se antes tivéssemos um transporte mais eficiente e barato. Temos só ônibus que andam pela avenida e não entram nos bairros”, comenta ao se referir sobre o trânsito na região central do município.

Maia, que é morador do Pontal da Cruz, bairro da região central, sabe que terá em breve que se adaptar a nova realidade. “Vou ter que dar um jeito. Mas confesso que ainda não sei o vou fazer”, confessa ao relatar que terá que buscar uma vaga diariamente, que ainda é disputada por diversos funcionários públicos que trabalham em repartições próximas ao Centro.

Flávia Monteiro, dona de uma loja no Shopping Fama, também é contra a implantação da Zona Azul na cidade. “Vai atrapalhar muito, já que para escapar da Zona Azul muitos vão tomar as poucas vagas que há no shopping, e que não são nem lojistas, nem clientes das lojas do Fama. Já é tumultuado e agora, a tendência é piorar”, avalia.

Questionada se a medida não poderia trazer reflexos positivos às vendas, com um eventual aumento na rotatividade dos estacionamentos, Flávia é direta: “Não. Quem está pré-disposta a compra, a consumir, ou diante de uma necessidade, vai e compra. Não se impediria porque não tinha Zona Azul”.

Já Mariana Ribeiro se coloca favorável. “Acho que vai ser muito bom para o comércio”. Ela é proprietária de um estúdio de pilates, e crê que a Zona Azul possa permitir um fluxo maior de clientes. Porém, admite que ouve queixas de seus alunos quanto a vagas no Centro. “Para quem vem de longe, de outros bairros, e trabalha aqui todo dia, como eu, vai ser complicado”, confessa.

A professora de pilates também comenta sobre as vagas de estacionamento na Rua da Praia, e que não serão cobradas. “Além de serem distantes dependendo de onde você trabalha no Centro, eu por exemplo fico diariamente até as 21 horas da noite. Fico com um pouco de medo de andar até lá esse horário”, fala ao se referir ao bolsão de estacionamento na Rua da Praia.

Populares – A princípio a decisão também não demonstra sintonia entre a população e seus representantes no Legislativo. O professor Thiago de Melo Curci, também faz coro e avalia que a implantação da Zona Azul no município é apenas um meio para arrecadação. “Acho o Zona Azul em São Sebastião desnecessário. Não vejo nenhum motivo senão um motivo para arrecadação de dinheiro”, entende.

Tatiane Nascimento cita a cidade vizinha, Caraguatatuba, que também tem implantada a Zona Azul, como um exemplo próximo de que os resultados esperados não foram alcançados – pelo menos, no que tange a criação de vagas. “Quando vou em Caraguá também não encontro vagas para estacionar na Zona Azul. Tenho que estacionar bem longe do destino e seguir a pé. Sempre. Aqui não vai ser diferente. Até um tempo atrás achava que poderia ajudar, mas com poucas vagas se cada um ficar 1 hora, ou 2 horas na vaga, vai continuar o mesmo problema. Só que agora arrecadando”.

Júlio E. Sousa, morador da região central de São Sebastião, diz não acreditar nos objetivos do projeto e cita como exemplo sua cidade natal, Jacareí, que possui a Zona Azul implementada há anos. “Eu sinceramente não vejo vantagem para o cidadão nesse sistema. Todas as vezes que vou pra lá e preciso estacionar na região central não há vagas rotativas disponíveis e eu acabo colocando em estacionamentos particulares. Ou seja, eu vejo que esse discurso de ‘aumento do número de vagas’ é desculpa esfarrapada para aumentar arrecadação. Não funciona lá (em Jacareí) que tem muito mais vagas disponíveis e não tem demanda de temporada, imagina aqui no verão”.

Sousa entende que para o sucesso de um projeto como o da Zona Azul, teria que se adotar também isenção aos veículos placa de São Sebastião. “Ainda assim, haveriam controvérsias e possíveis prejuízos aos comerciantes. Porque ao invés de cobrar Zona Azul, a Prefeitura não cria bolsões de estacionamento em locais estratégicos? Porque não se cria incentivos fiscais para prédios-estacionamento como tem aos montes em outras cidades? Infelizmente os políticos sempre preferem o caminho mais fácil: onerar o trabalhador”, questiona.

Júlio E. Sousa diz entender a necessidade de ação à necessidade de regular os estacionamentos no Centro, mas não crer na eficiência do projeto, no objetivo que foi proposto. “Seja em São Sebastião, Caraguá, Jacareí, ou qualquer outra cidade que tenha esse sistema…Não tem vaga no centro! Fato. Pagando ou não pagando, vai continuar sem vaga. A diferença é q agora a Prefeitura vai ganhar com isso”, desabafa.

Josimar Bernardo Junior, morador da Costa Norte do município, fala que as pessoas que precisam ir constantemente ao Centro encontram dificuldades de estacionar, não apenas por perder vagas para veículos de lojistas, mas também de servidores municipais, que ocupariam quase todas as vagas existentes.

“Lógico que é ruim (a Zona Azul). Qualquer coisa que tire mais dinheiro do contribuinte é ruim. Nós, que vamos ao Centro fica muito ruim conseguir alguma vaga para estacionar. Mesmo que seja por cinco minutos. As vagas do Centro Histórico é tomado pelos carros dos lojistas e também dos funcionários públicos. Quem vai consumir na Cidade demora muito pra conseguir estacionar e às vezes temos que optar a procurar vagas na Vila Amélia (bairro próximo ao Centro), mas que também já está saturada”, relata.

Junior também é outro munícipe que cita Caraguatatuba como exemplo, de que a Zona Azul não resolveu o problema de vagas de estacionamento. “Não sei se a Zona Azul seria a melhor opção pra resolver isso. Em Caraguá tem e também não está as mil maravilhas”, comenta.

O texto original do projeto foi modificado por emendas

Vereadores – O texto original do projeto, no entanto, foi modificado por emendas. Uma delas, apresentada pelo vereador Gleivison Gaspar (PMDB), cria o “cartão morador”, que seria concedido a proprietários de veículos, que residem em ruas abrangidas pela Zona Azul, e que não possuem garagem. A emenda também veda a cobrança na Rua da Praia e obriga a divulgação dos valores arrecadados no Portal da Transparência. Outra proposta aprovada determina que “as tarifas serão cobradas por períodos de 15 minutos”.

Já o vereador Onofre Neto (DEM) foi autor da emenda que responsabiliza a concessionária, que operar o serviço, por eventuais furtos, roubos ou danos. Neto também destinou a arrecadação para o Departamento de Trânsito (65%), Fundo de Solidariedade (20%) e Fundo do Idoso (15%). O projeto agora segue para redação final, para incluir as emendas, antes de serem enviados ao prefeito Felipe Augusto (PSDB).

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