A empresa que fazia o transporte passou a barrar o embarque dos estudantes sob alegação de dívidas em aberto pela Associação dos Estudantes
Por Raell Nunes, de Ubatuba
Estudantes universitários de Ubatuba, que se deslocam diariamente para Caraguatatuba para cursar a graduação, estão enfrentando dificuldades com o transporte desde o início do mês, quando as aulas foram retomadas. Isso porque a empresa São José, que até então realizava o transporte, passou a barrar o embarque do grupo, alegando falta de pagamento.
Segundo os alunos, a notícia pegou muitos de supresa, pois além de um repasse da administração municipal, os alunos realizam uma contribuição mensal para quitar o custo do transporte e não sabiam dessa falta de pagamento.
Muitos só tiveram a informação de uma maneira complicada, quando foram impedidos de subirem no ônibus rumo a faculdade. Nesse dia, muitos acabaram perdendo o dia de aula, pois não tiveram tempo ou outra alternativa para o deslocamento.
A empresa de ônibus São José afirma que a AEUU (Associação dos Estudantes Universitários de Ubatuba), responsável pelo pagamento da condução, está inadimplente.
Em nota, a direção da empresa lamentou o ocorrido e afirmou que não houve descumprimento de acordo por parte da São José.
Conforme apontado, a AEUU que não estava mantendo o compromisso de depositar o pagamento mensal integral, conforme o contrato e a dívida, iniciada em julho de 2015, já chega a R$ 110 mil.
A nota esclarece que a prefeitura está fazendo o repasse em dia e, segundo pais de alunos associados, as mensalidades cobradas através de boletos também estão em dia.
“Se a função principal da AEUU é o transporte, se o repasse da prefeitura está em dia, e as mensalidades também, por que não quitar o débito corretamente a fim de não causar prejuízos à empresa nem transtornos aos associados? Não há prestação de serviço que se mantenha sem pagamento”, afirmou.
A associação
A AEUU afirmou que houve inadimplência dos alunos no mês de novembro e dezembro e por isso a associação ficou em débito com a São José. Os responsáveis pela associação também afirmaram que havia um combinado com a empresa de que os valores seriam pagos em fevereiro, mas de maneira inesperada e irresponsável a responsável da empresa impediu o embarque dos alunos e rompeu o contrato.
Conforme a associação, o dia que os alunos não usaram o transporte, não será cobrado no boleto e, se não houver acordo com a empresa São José, vans farão o transporte até a situação for resolvida.
Transtornos
Com o impasse entre associação e a empresa, quem tem sentido de perto os problemas da falta de acordo são os universitários.
A estudante de enfermagem, Larissa Assumpção, estava esperando o ônibus no bairro do Pereque-Mirim quando soube que não teria o ônibus para ir à faculdade. Para chegar em tempo na aula, precisou que o pai a levasse até o município vizinho e na volta, precisou pagar pelo transporte intermunicipal.
“Meu pai me levou, gastou gasolina e tempo. Se meu pai não me levasse, eu não chegaria a tempo da aula, pois fiquei sabendo em cima da hora. Tive que pagar para voltar, a passagem está quase R$ 8”, disse.
Já Robson Soares, estudante de engenharia civil, disse depender do transporte fretado e ter dificuldade por morar longe do centro. “Eu dependo disso para chegar à faculdade. Eu não moro perto da pista, não posso pegar o passe livre. Os horários dos ônibus da litorânea não são compatíveis com os horários das aulas. Moro num bairro distante da cidade, fica complicado pra mim”, completou.