Cidades Ubatuba

Projeto social reconta história local em mais de 30 escolas

Tamoios News
Fotos: Divulgação.

Ações começam na comunidade do Emaús nesta terça-feira (20), e devem atingir cerca de 30 escolas da cidade

 


Por Raell Nunes

O Projeto Mergulho no Pirão, criado em 2016, pelo pesquisador da História da Alimentação Brasileira, Heyttor Barsalini e pela pedagoga Isamara Gouvea, quando apresentaram  para mais de 3,4 mil pessoas, em 34 escolas de Ubatuba – retomará suas atividades este ano, com mais 30 apresentações. Serão atendidas 24 escolas da rede Municipal de Educação e outras seis escolas das redes particular e Estadual, bem como entidades que desenvolvem trabalhos de caráter social. A primeira apresentação acontece nesta terça-feira (20), na Comunidade Emaús.

No Projeto, durante 60 minutos, o pesquisador apresenta uma aula da história de Ubatuba, através da evolução da alimentação caiçara, em linguagem dinâmica e interativa com os alunos.

Segundo Heyttor Barsalini, o projeto tem significância para todos, com ênfase na juventude. “A importância do retorno do Mergulho no Pirão, em 2018 está, principalmente, no fato de que temos uma jovem geração de caiçaras, crianças e adolescentes, cujos familiares são migrantes, que ainda desconhecem as origens e raízes históricas de Ubatuba e suas consequências nos dias atuais”, diz.

Culinária – No atual contexto social da cidade, na qual estima-se que 85% da população seja formada por migrantes, o Mergulho no Pirão tem o intuito de preservar a memória caiçara e produzir conhecimento histórico, apresentando semelhanças e diferenças desde a época dos Tupinambás até os dias atuais.

O trabalho também vai mostrar a alimentação em seus aspectos culturais e históricos identificando-a como um elemento da cultura que se transforma de acordo com as mudanças na sociedade, compreendendo os fatores geográficos, econômicos, políticos e também da sustentabilidade, que se relacionam com a dieta do povo caiçara. Conforme os idealizadores da ação, reconhecer e valorizar a diversidade cultural é atuar contra um dos mecanismos de discriminação e exclusão.

A expressão “mergulhar no pirão” significa aprofundar o conhecimento sobre esse tradicional prato (à base de carne de peixe, de galinha, de porco, de boi ou, até, à base de ovos e, sobretudo, farinha de mandioca) que pode ser considerado um símbolo da cultura caiçara, uma síntese da tradicional alimentação local, ao longo dos 500 anos de formação do povo.

EM Marina Salete – Perequê-Açú

Retorno positivo –  Em sua versão 2016, o Mergulho no Pirão obteve retorno muito positivo das pessoas que assistiram às apresentações, incluindo alunos, professores, coordenadores e diretores das escolas, o que certificou ao seus responsáveis a relevância educativa e cultural que o trabalho encerra.

No ano passado, a palestra foi convidada a se apresentar, representando a cultura caiçara, no 8º Festival Gastronômico de Monte Verde (MG). Lá, ofereceu-se às pessoas do público, além da ampla gama de informações sobre a formação sócio cultural, a oportunidade de provarem produtos locais como o Azul Marinho, preparado com Carapau pescado em Ubatuba, a Farinha de Mandioca produzida pelo Sr. Jandão, do Ubatumirim, bem como a Cachaça Pimba, produzida na vizinha São Luiz do Paraitinga.

Além desses trabalhos, a dupla está em fase de captação de recursos financeiros para a publicação do livro “A História da Alimentação nas Terras de Yperoig”, contemplado pelo Proac 2017 (ICMS), que conta, a partir de detalhada pesquisa local, a história da alimentação em Ubatuba, desde antes da chegada dos europeus, até os dias atuais.

“O conteúdo do livro é mais amplo e abrangente que o conteúdo da palestra. Nesse sentido, o livro será uma importante referência sobre o tema, para estudiosos e historiadores interessados na evolução de Ubatuba e do Litoral Norte como um todo”, explica Heyttor Barsalini.

EM Maestro Pedro – Figueira

Formação – Em 2012, Barsalini estudou Gastronomia no Curso de Técnicas Básicas em Gastronomia, promovido pela Unitau (Campus Ubatuba). O curso foi orientado por Vanessa Casagrande, com quem criou, no mesmo ano, o restaurante “O Limoeiro”. Nele, ficou como sócio proprietário até junho de 2013, quando se desvinculou e criou o Curso de Gastronomia (e a página homônima, no facebook) “Receitas Históricas Brasileiras”. O curso é baseado nos cinco séculos da colonização brasileira e as influências que seus ciclos econômicos exerceram sobre a alimentação de cada período.

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