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O amor vence tudo

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Ser boa mãe é um dos trabalhos mais desafiadores e recompensadores que a mulher pode ter. Segundo o dicionário Houaiss, a palavra mãe significa, “mulher ou fêmea que deu á luz a um ser, ou; que cria ou criou outro ser”. Certo livro chamado (O Segredo de uma Família Feliz), diz: “Convém que a mãe participe na educação e na disciplina dos filhos. Visto que as crianças começam a aprender logo após o nascimento, os primeiros anos são os mais vitais. Durante esses anos, o amor da mãe é decisivo. Se ela conseguir mostrar e ensinar amor — não indulgência — poderá causar um bem duradouro; se falhar nisso, poderá causar dano permanente”. Temos várias histórias de mulheres guerreiras e maravilhosas em nossa região de Caraguatatuba, porém, hoje vamos narrar e homenagear uma grande mulher, moradora da nossa cidade, Carmelinda S. Carlota que tem uma frase marcante que diz: “Se eu não puder ajudar atrapalhar é que não vou”.

Carmelinda Silva Carlota, atualmente com 62 anos, é professora aposentada e comerciante no município de Caraguá. No entanto, para sua filha, seus netos, amigos e ex-alunos, ela é a grande mãe. Mais conhecida como Carmem e para os mais íntimos como Tia Carmem, ela teve uma infância regrada com valores morais e onde a família sempre foi á base para sua vida. Sendo á filha mais velha, aos 17 anos de idade perdeu seu pai e junto com sua mãe ajudou a criar seus 5 irmãos. Nascida em São Sebastião casou-se com Carlos Carlota, conhecido como (Nêno) e mudou-se para Caraguatatuba, onde reside por 40 anos.  

Quando ela tinha 28 anos, nascia um bebê e foi chamado pelo nome de Márcio. Três anos depois nasceu Aline.  Criados com muita união entre a família, seu dilema era “é um por todos e todos por um”.  Com uma vida de mulher batalhadora, um imprevisto onde todos estão sujeitos nas nossas vidas ocorreu; Márcio acabou falecendo por brincar com uma arma de fogo quando ele tinha 15 anos. Nesse momento triste e delicado, foi onde a família se uniu ainda mais, afinal, a dor da perda de alguém que amamos é muito grande e triste.  Aline sua única filha diz: “cresci com minha mãe dizendo – o amor é o que moveu e move nossa família, se eu não puder ajudar atrapalhar é que não vou”.

Para amigos Carmem é uma mulher religiosa, de muita fé, de força, coragem, de amor ao próximo, de fraternidade, ou seja, tudo isso são exemplos que as pessoas ao seu redor comentam sobre ela. Sua filha ainda continua, “eu tenho 2 filhos, sou separada e eles cuidam dos meus filhos como se fossem deles, é uma família forte, unida, de respeito e com valores.  Foram coisas que eles sempre passaram para mim, meu pai sempre trabalhou fora, quem sempre esteve mais em casa era minha mãe. Ela também sempre trabalhou fora, mas, por ser professora tinha um horário mais regrado. Todos os valores recebíamos da minha mãe, por tê-la mais presente em casa, ela foi a base para tudo.  O Amor dela é que venceu tudo e vence até hoje, mesmo depois que ela aposentou ela jamais parou de ajudar, em 2004 fundou junto com algumas colegas a Associação de Combate ao Câncer aqui em Caraguá, ficou a frente da associação por alguns anos. Atualmente ela é apenas voluntária, mas sempre procurou a ajudar as pessoas”.

Em um mundo cheio de ódio, onde valores familiares estão acabando, Aline parabeniza os valores que ela tem hoje, “Minha mãe me proporcionou tudo, se hoje eu tenho uma profissão, se hoje eu tenho uma vida, é por causa deles, meu pai e minha mãe. Eles começaram a trabalhar muito cedo. Minha mãe pela perca do pai dela. Eles sempre me diziam que queriam me dar tudo o que eles não tiveram, eu tive escola particular, eu fiz faculdade, viagens, eu tinha e tenho tudo o que uma pessoa gostaria de ter, uma vida tranqüila e repleta de amor”.

Com a ajuda da sua filha Aline, vamos deixar que ela nos relate momentos marcantes que fizeram toda a diferença em sua vida. 

Portal Tamoios News – Você era uma filha bem comportada?

Aline Carlota – Tenho que admitir que eu nunca fui uma filha muito boa, fui bem rebelde durante certo tempo, e eu acabava achando que ela era muito brava. Eu sempre fui daquelas, de querer liberdade. Não que ela me prendesse, ela nunca me prendeu, fui morar sozinha com 15 anos.

P.T.N.- Você ficava muito de castigo?

A.C.- Levei várias palmadas, fiquei de castigo e não tenho vergonha de falar, não repreendo meus pais, graças a Deus eles fizeram isso. Eu sou da época de que se você respondesse para uma pessoa mais velha era falta de respeito e educação, eu tinha que respeitar, minha mãe dizia, respeita pelo menos o cabelo branco dele.

P.T.N. – Ganhava muitos presente da sua mãe?

A.C. – Ganhava presente em datas comemorativas, ou era natal, ano novo, aniversário, não tinha isso de mãe eu quero aquilo ali e minha mãe ia lá e comprava, aquilo ali custa tanto dinheiro, eu tenho que trabalhar para comprar aquilo, então você tem que merecer para ganhar aquilo. Você tem que estudar, tem que fazer sua parte.

P.T.N. – Ela pegava no seu pé para estudar?

A.C. –  Sim, minha mãe dizia que sem estudo nós não somos ninguém, nosso maior patrimônio é o conhecimento.  Com ela aprendi a ler e a gostar de ler. Hoje tenho o hábito de ler vários livros e isso eu aprendi com ela, meu pai parou de estudar cedo, mas minha mãe não.  Ela sempre incentivou a ler. Primeiro livro que eu li foi a senhora, que era da minha mãe, por eu ver ela sempre lendo. Não entendi nada do livro naquele momento, afinal eu tinha entre 8 e 9 anos, mas livros de literatura como Dom Casmurro,  Dom Quixote, enfim, eu li.

P.T.N. – Teve alguma dificuldade na sua infância que sua mãe te ajudou a superar?

A.C. – Eu já tive certo complexo. Eu sou negra. Para a sociedade isso era uma grande diferença, pra ela isso nunca foi problema, nem para minha família isso foi um problema. Na escola particular ha 15 anos atrás isso era algo bem estranho, onde roupa de marca contava muito, eu sempre tive isso. Porém, certo momento eu achei precisar auto-firmar perante eles.  Mas eu não precisava disso, eu tinha mais que tudo isso, eu tinha o amor da minha família. Ela me ensinava que o que a gente veste é indiferente, se a roupa for de marca ou não é indiferente.  Precisamos ter objetivo na vida, a pessoa sem objetivo na vida não são ninguém,  se torna uma pessoa morta. Você tem que mostrar que você é superior a outra pessoa com seu conhecimento e valores. Um exemplo: você vai morar em um carro? Não,vai morar em uma casa. Então, temos que ter o suficiente para termos uma vida boa. Não é humilhante você trabalhar de diarista, ou qualquer outra função, o importante é trabalhar honestamente. Ninguém começa do topo, para você chegar no topo você precisa ir atrás e trilhar um caminho.

P.T.N.- Você disse que com 17 anos teve a oportunidade de morar fora do Brasil, como foi isso para a família que é bem unida?

A.C.- Morei nos EUA com 17 anos, meu pai nunca disse você não vai. É uma experiência para sua vida, mas saiba aproveitar. Vai, se não der certo você volta. Minha mãe não queria, dizia ser muito longe, você não sabe falar inglês. Mas eu dizia q eu tinha que ir,afinal, era uma oportunidade que eu estava tendo na vida, isso foi em fevereiro, 6 de março eu estava embarcando.  

P.T.N.- Você disse ter tido uma experiência muito boa com a viagem, porém, retornou ao Brasil. Por qual motivo você voltou e se você se arrepende de ter voltado?

A.C. – Foi uma experiência muito boa, voltei mesmo por causa dela, eu vim passar férias no Brasil e ela me disse, não volta, você é minha única filha, não tenho mais ninguém, aí eu fiquei. Não me arrependo, talvez quando eu fosse mais nova eu tivesse me arrependido, mas hoje, mais experiente e mãe, eu não me vejo longe dos meus pais.  Tudo que ocorre com eles eu tenho que socorrer, não por obrigação, não é um fardo, mas eu não consigo largar, do mesmo jeito que eu precisei e preciso deles, eles precisam de mim. Em 2012 minha avó teve AVC e eu estava grávida, ela morou em casa e eu passei o final da gravidez ajudando a trocar fralda, dar banho, apoiando minha mãe, meus tios e primos. Não me arrependo, faria tudo de novo. Somos uma família, eu faria a mesma coisa, pelo meu pai, pela minha mãe, enfim, a vida que eles me proporcionaram na infância não tem preço, foi uma motivação para que eu possa retribuir tudo isso. É a recompensa que eles podem ter de mim, não é um fardo isso pra mim, é uma recompensa.

P.T.N. – As atitudes de mãe, os valores transmitidos fizeram a diferença na sua vida?

A.C. – Hoje eu vejo que tudo que ela fez foi especial, minha mãe é perfeita, como a sua é perfeita para você. Se eu não tivesse esses valores que ela tivesse me passado quem seria eu hoje? Sabe frases como, “A dificuldade enobrece a pessoa, nem tudo na vida é o dinheiro, você tem que aprender a usar o dinheiro e não deixar o dinheiro te usar. O que vale mais é a família do que o dinheiro. Minha mãe sempre me ajudou q até hoje me ajuda”. Ela e meu pai me socorrem, minha mãe é minha rainha e meu pai o meu rei.  

P.T.N.- Quais os momentos marcantes nos dias de hoje vocês compartilham?

A.C. –  Todos os dias são marcantes para nós, o almoço tem que ser em família, ou o café da tarde, conversando, enfim, temos que estar sempre unidos, então é algo que desde pequena foi assim, todo domingo era na casa da minha avó. Meus tios, primos, sempre fomos criados a valorizar a família.

P.T.N. – Qual a mensagem você transmite para sua mãe Carmem?

A.C. – Só tenho a dizer que sem ela eu nada seria e que toda palavra do mundo é insuficiente para descrever o amor que eu tenho por ela; nossas vidas foram unidas pelo amor de Deus.

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