Crianças passam pelas vias inundadas e sujas; há risco de doença Por Raell Nunes
Após as fortes chuvas que invadiram o Litoral Norte, o bairro do Sesmaria, em Ubatuba, ficou parecendo um rio de tão alagado. Motos, carros e caminhões transitam pelas vias do local, mas espalham água misturada com barro para todos os lados.
Outro cenário que incomoda os olhos de qualquer um que passa nas imediações, é de se deparar com crianças, às vezes a pé ou guiando suas bicicletas, atravessando as ruas e se divertindo com a água suja de lama, com uma inocência mirim e sem ter a noção do estado de calamidade pública.
Com a ação das crianças, há risco de contágio de doenças infectocontagiosas transmitidas pelo contato com a água de áreas com alagamentos, enchentes e transbordamento de esgotos e rios, normalmente com presença de diversos vírus e bactérias nocivos à saúde humana.
Entre essas principais doenças está a leptospirose, que pode ocorrer após o contato com urina de ratos contaminados com a bactéria leptospira. Ao entrar em contato com a pele humana, por meio das águas de inundações, a bactéria pode penetrar no organismo causando sintomas como febre, dores de cabeça e nos músculos e náuseas. Quando não diagnosticada com antecedência, a leptospirose pode levar a morte.
Desabafo – Uma das alternativas é contar com a fé. “É muito triste ver isso tudo. Por Deus, isso não pode ser assim. Rezo para que melhore a situação”, faz o apelo Rosário Ribeiro Silva, uma das moradoras que observa a conjuntura desfavorável à comunidade.
Em outros casos, a circunstância ruim causa revolta. “Nosso bairro é esquecido. Tem uns aí que só vem aqui pedir voto e depois nunca mais volta. Aí quando chove, vira barro, mistura com lixo. Parece que estamos num chiqueiro. Como não ficar revoltado com isso”, desabafa Jael Ferreira Costa.
Alguns até fazem piadas – talvez para aliviar a dor do momento – dizendo que é mais fácil andar pelas ruas de barco, ao invés de comprar um veículo para circular nas estradas. Porém, tem gente que leva a sério o panorama dramático. “Bairro largado pelos politiqueiros, nunca vi uma mudança com importância”, relata Josi Souza.
Sobre as ocorrências relativas às chuvas, a Prefeitura afirma que há riscos de deslizamento de encostas de morros, se chover intensamente novamente.
Conforme informa, nos bairros mais atingidos, o acúmulo de chuvas nas últimas 72h foi no Lázaro (198,9 milímetros), Perequê-Mirim (177,57), Ubatumirim (173,59), Ipiranguinha (168,8) e Figueira (168,25).
Na cidade, as chuvas estão dentro do esperado para o período de dezembro a março, época em que a Defesa Civil intensifica as fiscalizações como parte do Plano Preventivo de Defesa Civil.
