Caraguatatuba Cidades

Aldeia Guarani de Ubatuba completa 50 anos de luta e resistência

Tamoios News
Meninas da aldeia Boa Vista, em Ubatuba. Foto: Gopala Filmes | Felipe Scapino/FundArt

Celebração acontece nos dias 13 e 14 de março

Mais um programa turístico diferenciado para se fazer no Litoral Norte. Na próxima sexta(13) e sábado(14), a aldeia Guarani Mbya da Boa Vista, localizada no bairro Prumirim, em Ubatuba, completa 50 anos.

Para celebrar a data, a comunidade organiza nos dias 13 e 14 de março uma celebração com o tema “Resistência e reconhecimento territorial”. Vai ter dança, canto, pintura corporal, bate papo com o líder da aldeia, comida típica, exibição de documentário e é claro banho de cachoeira.

No fim do século XIX, os índios guaranis iniciaram o processo de migração para o litoral, sendo que, a Aldeia Boa Vista em Ubatuba surgiu no final da década de 60.

A aldeia Boa Vista está localizada em área de Mata Atlântica, o que é fundamental para a sobrevivência dos guaranis.

O processo de reconhecimento e demarcação da área de 920,66 hectares habitada pelos guaranis foi iniciado em 1982 pelo governo do estado de São Paulo e homologado pela União em 1987.

Moram na aldeia, cerca de 200 guaranis, que vivem da lavoura e do artesanato. O acesso até a aldeia é feito pela  Rodovia Rio-Santos (BR-101), Km 29,5, sentido Ubatuba-Paraty, próximo a Cachoeira do Prumirim.

A entrada para a aldeia está localizada a 1,5 Km da rodovia, e o caminho é feito por estrada de terra até a uma antiga escola indígena, dali, através de uma trilha pela Mata Atlântica se chega até a aldeia.

Artesanato, em cestaria, uma das fonte de renda da aldeia

Apesar de ser uma das mais tradicionais aldeias indígenas, os guaranis se adaptaram as novas tecnologias. Muitos possuem rádio, televisão e até celular, mas mantem suas tradições.

Os Guaranis da Boa Vista participam de encontros nacionais em defesa de seus direitos junto a Funai e, por várias vezes, já promoveram protestos na defesa desses direitos, como por exemplo, o fechamento da rodovia Rio-Santos e passeata pelo centro de Ubatuba.

Em março do ano passado “fecharam” a Rio-Santos cobrando atendimento médico pela Funai

 

Programação

A programação inclui diversas atividades como pintura corporal, cantos e danças indígenas, rodas de conversas com o cacique Altino Wera Mirim e remanescentes sobre a caminhada sagrada que levou à fundação da aldeia e sobre o contexto atual, café da manhã e almoço típicos, exibição de documentário.

O evento é uma realização da Comissão Guarani Yvyrupa – Associação Indígena Tembiguai, com apoio da Prefeitura de Ubatuba, por meio da Fundação de Arte e Cultura (Fundart), Funai, PROAC, Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina / Fundação Osvaldo Cruz, Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra, Paraty e Ubatuba.

A festa acontecerá sexta (13) e sábado (14), das 8h30 às 18h, na aldeia, que fica na entrada km 29,5 da BR 101 (subir 1,5km de estrada de terra). Há uma entrada de R$ 10,00, que cobre a alimentação, a pintura facial e apresentações culturais. À parte, será possível comprar artesanato indígena e realizar pintura corporal. É necessário levar cangas, esteiras, lanternas, copo, prato e talher, repelente e maiô em caso de visita na cachoeira (permitida apenas com monitores da comunidade).

Confira a programação completa:

Sexta-feira, 13 de março de 2020

08h30 às 09h30 – Café da manhã típico

09h30 às 10h – Pintura corporal, sob coordenação de Mirim Valdeci, Adelino Mimbi e Alex Karai

10h às 10h20 – Abertura – Canto e dança Nhamandu Nhemompu’ã, sob coordenação Ailton Wera

10h20 às 11h – Roda de conversa com os anfitriões, Cacique Altino Wera Mirim, Dona Santa Rosa da Silva e Dona Jandira Rosa Paraguassu, remanescentes fundadores da Boa Vista, sobre a caminhada sagrada, instalação da aldeia e luta pelo reconhecimento do território em 1987

11h às 11h30- Leitura da carta dos jovens da aldeia em homenagem ao cacique Altino Wera Mirim, a Dona Santa Rosa da Silva, a Dona Jandira Rosa Paraguassu e ao Prof José Roberto da Silva, primeiro indígena nascido na Boa Vista.

11h30 às 12h30 – Roda de conversa sobre o contexto atual e os ataques e perda de direitos na política indigenista no Brasil, com Marcos Tupã e demais lideranças e autoridades presentes

12h30 – Intervalo para o almoço típico guarani

14h30 às 14h50 – Apresentação do grupo de canto e dança Yyakã Porã, sob coordenação de Ivanildes Kerexu e Kuaray Alexendro.

15h às 15h30 – Mostra do documentário guarani “Jaguata Porã”, sobre a caminhada sagrada e história da Boa Vista, sob coordenação Kuaray Alexandro

15h30 às 16h – Dança Tangara, com os grupos Xondaro Mirim Mborai, Nhamandu Nhemompu’ã

16h às 16h40 – Dança Xondaro com os grupos Xondaro Mirim Mborai, Nhamandu Mhemopi’ã e Yyakã Porã

17h às 17h30 – Canto e dança dos grupos e participante todos juntos para confraternização e degustação do Bolo de comemoração feito pelas confeiteiras da aldeia e apoiadores

18h – Encerramento do primeiro dia

Sábado, 14 de março de 2020 – Dia dos festivais da cultura guarani

08h30 às 09h30 – Café da manhã, cozinha coletiva

09h30 às 10h – Pintura corporal, sob coordenação de Mirim Valdeci, Adelino Mimbi e Alex Karai

10h às 10h20 – Abertura com apresentação do grupo de canto e dança Xondaro Mirim Mborai

10h30 às 10h40 – Composição da mesa de anciões da comissão julgadora do festival

10:50 às 12h30 – Primeira etapa do festival Xondaro

12h40 – Intervalo para o almoço típico guarani

14h30 – Composição da mesa de anciões para a segunda etapa do festival: Chicha Kaguyjy, bebida feito de fubá e canjica

15h às 15h45 – Festival de Rora, comida típica feita de milho ou fubá

16h às 16h20 – Ritual de agradecimento com participação dos convidados

16h30 – Falas de agradecimento da organização, parceiros e apoiadores

17h – Encerramento