Cidades Dia da Mulher

Relatos de duas mulheres simples, batalhadoras e inspiradoras

Tamoios News
Dia Internacional da Mulher

Por Simone Rocha

Sim, o Dia da Mulher é todo dia, assim como os outros dias são de todos, pois todos nós somos dignos de homenagens, cada qual em sua profissão ou ao grupo ao qual pertence, mas hoje é comemorado o Dia Internacional da Mulher e debates à parte vamos ser sinceros, elas merecem todas as homenagens!

O portal Tamoios News reconhece o valor de cada mulher que luta e se esforça para se tornar destaque na sociedade, mas vamos falar aqui de duas mulheres comuns que representam a maioria: a mulher que trabalha em casa, mais conhecida como doméstica ou do lar e a mulher que trabalha fora.

Vilma Aparecida dos Santos nasceu em Caraguatatuba e tem 42 anos. Trabalha em casa durante a semana e faz bicos de cozinheira e auxiliar de cozinha em eventos aos finais de semana. Começou a trabalhar aos 13 anos de idade como doméstica e aos 18 conseguiu um emprego como operadora de caixa em um supermercado. Engravidou e foi expulsa de casa pelo pai. Perdeu o primeiro bebê, mas engravidou logo depois e teve ao longo de oito anos de casamento quatro filhos.

Vilma com as netas

“Me separei e daí em diante tive que batalhar para criar meus filhos sozinha”, lembra. Ela conseguiu trabalho como ajudante de cozinha e depois como cozinheira em escolas. “Ao todo foram oito anos nesse ramo”, conta. Atualmente Vilma é do lar. Não paga INSS, mas tem 11 anos de contribuição.

Os filhos cresceram. Duas casaram e ela já tem três netas. Conta que gosta de ajudar ao próximo e sempre que pode auxilia as filhas nos cuidados com as crianças. Ainda moram com ela dois filhos, de 15 e 17 anos e ela casou novamente e o marido, Ronald Lima, também faz bicos durante a semana e trabalha com ela nos eventos, como churrasqueiro.

Vilma numa selfie com o maridão Ronald Lima

Apesar de viver uma vida simples e com muita luta, Vilma não é dessas de ficar reclamando. Ela cuida da casa sozinha, desde a limpeza, organização e refeições. “Sinceramente faço tudo sozinha!”, revela com um certo desconforto de uma autêntica dona de casa.

Para Vilma o transporte público do litoral norte é bom e a saúde poderia melhorar. Para relaxar ela assiste televisão, ainda mais quando tem algum programa com seu ator preferido, Fábio Assunção, ouve música, principalmente da cantora gospel Cassiane e passeia com o marido pela orla da praia. Costuma ler a bíblia e frequenta uma igreja evangélica.

Não gosta de política, mas deseja que seus filhos tenham um futuro melhor. Vilma concluiu o segundo grau e não pretende cursar faculdade. “Tenho vontade de fazer cursos de decoração de alimentos, pois irá me ajudar no meu trabalho nos eventos”, revela.

Patricia com os filhos

A agente comunitária de saúde Patrícia Elaine de Almeida faz parte do time de mulheres que trabalham fora, mas ainda assim, cuidam da casa ou pelo menos procuram deixar as coisas sob controle. “Trabalho de segunda a sexta, das 8h às 17h na UBS do Pegorelli. Comecei a trabalhar aos 15 anos como babá, depois aos 18 anos fui para o ramo de eventos e conheci meu marido, o José Melo. Estamos juntos até hoje e temos uma ótima relação. Tenho três filhos e me desdobro para dar atenção para eles e deixar tudo organizado”, revela.

Para Patrícia, o transporte público em Caraguatatuba é regular. “A linha que utilizo as vezes demora”. Sobre saúde e educação ela avalia como bons. “Foi uma das coisas que me fizeram mudar para cá, em 2018. As escolas que meus filhos estudam são ótimas, professores comprometidos, limpas, funcionários atenciosos. Alimentação muito boa. E o atendimento na saúde eu acho bom, tem que melhorar em muita coisa, mas acredito que estamos bem à frente de muitos municípios. O atendimento na UBS é bem receptivo e acolhedor. O UPA infantil é um dos melhores que já vi e olha que já tive plano de saúde e o atendimento é igual”, avalia.

Como Patrícia e o marido trabalham fora, os horários são bem apertados e eles aproveitam a ida ao trabalho, o horário de almoço e a volta para casa para levar e buscar a criançada na escola e cursos. “Também tenho o auxílio de uma moça que me ajuda a levar as crianças nos esportes. Ela trabalha aqui em casa durante a semana, na parte da manhã”, explica.

Aos finais de semana Patrícia lava as roupas e faz aquela faxina na casa. As refeições ficam por conta do marido. E até as crianças tem ajudado na organização do lar. Para relaxar ela curte tirar fotos, ler, ouvir rock nacional e de música internacional está numa fase Ed Sheeran, também gosta de ir à praia e ao sitio da família, que fica no bairro Jaraguá, em São Sebastião, próximo da divisa com Caraguatatuba.

“Adoro a praia das Cigarras, mas também gosto de levar as crianças no Porto Novo, Indaiá e Prainha. Vou de bicicleta, ônibus e carona com amigas”. Patrícia pretende fazer faculdade de pedagogia e ter um cargo bom, para poder viajar, construir minha casa e dar um futuro melhor para os filhos. Para ela a política é algo que quando você pensa que o governo vai mudar alguma coisa, tudo continua na mesma.

Patrícia, o marido José Melo e os três filhos: uma família superfeliz

“Quando me mudei pra Caraguatatuba, em maio de 2018, prestei o processo seletivo para AAE (agente de apoio escolar). Passei, comecei a trabalhar em julho de 2018, em contrato de um ano. Prestei o concurso da prefeitura de Caraguatatuba em dezembro de 2018 para a mesma profissão, mas não fiquei numa boa colocação por causa da prova prática. Fiz o processo seletivo para Agente comunitário de Saúde e passei. Comecei a trabalhar em outubro de 2019 na UBS Perequê Mirim I”, explica.

Ela ainda não parou de tentar uma colocação melhor e mais estável. “Fiz os concursos de são Sebastião para recepcionista e monitor de creche. Para recepcionista fiquei em 5° lugar e monitor de creche em 10°”, comemora. Para ela tudo é possível, basta termos foco, determinação, que podemos chegar onde quisermos. “Somos todas poderosas e gostaria muito que todas de nós mulheres soubéssemos disso! ”, finaliza a sonhadora e determinada Patrícia.