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Sobradão do Porto ganha suas cores originais de 1846

Tamoios News
Sobradão do Porto Foto: Milton Nishida

Construído em 1846, o Sobradão do Porto, um dos prédios mais tradicionais e antigos de Ubatuba, está sendo restaurado interna e externamente. Recentemente, a fachada do histórico prédio ganhou novas cores. Rosa, branco e esquadrias verdes, suas cores originais.

Segundo o arquiteto Milton Nishida, que trabalha no restauro do sobradão, um estudo de prospecção pictórica- para identificar as cores originais do prédio, apurou que as suas cores originais, em sua construção, em 1846, eram o rosa, branco e verde(esquadrias. Segundo informações dele, nas redes sociais, o azul e branco foram utilizados nas últimas décadas.

A pesquisa levou à descoberta de que as partes lisas da fachada e seus ornamentos eram rosados, com base ocre, e a parte de madeira, em verde. Porém, com o passar das décadas e as diferentes mudanças feitas no edifício por diferentes proprietários, a cor original foi sendo substituída pelo branco. A tinta utilizada na pintura da fachada é a base de óleo mineral.

Para execução do restauro externo, a equipe teve que escorar a estrutura do teto tanto do primeiro quanto do segundo andar, bastante precária devido à presença de cupins que atacam o piso, as colunas e as vigas de sustentação.

O restauro das madeiras envolveu a retirada de cada folha de portas e janelas, o mapeamento e a marcação do vão ao qual cada peça pertence e a imunização para eliminação de cupins e outros xilófagos (animais que devoram a madeira).

Camila Marujo, presidente da FundArt, esclarece que o Sobradão do Porto, somente será reaberto quando o restauro for concluído. O restauro do prédio está dividido em etapas. A fase em finalização contemplou apenas telhado, fachadas e esquadrias. Estamos em busca de recursos para dar encaminhamento as demais etapas”, disse.

Ela contou que há poucos artefatos e objetos históricos que restam do casarão original. Entre eles, dois vasos se encontram na sede administrativa da FundArt.  Outros artefatos, como estátuas da fachada, segundo ela, desapareceram há muitos anos, conforme demonstram boletins de ocorrência feitos na época.

O prefeito Sato destacou a importância do resgaste do patrimônio histórico do município. “Ubatuba é referência não apenas de praia, mas também por nossa cultura e história.  É preciso agirmos na perspectiva da Educação e da compreensão de que esse é um trabalho demorado, mas que trará resultados muito importantes para a cidade”.

Sobradão do Porto

O Sobradão pertencia ao armador português Manoel Baltazar da Cunha Fortes, que chegou ao Brasil em 1808 e iniciou sua construção em 1846. O primeiro pavimento servia como um rústico armazém, onde se guardavam e negociavam toda a mercadoria de sacas de café, algodão, fumo, cana-de-açúcar.

Com a decadência econômica de Ubatuba após a transferência do porto para a cidade de Santos e a construção da ferrovia que ligava São Paulo ao Rio de Janeiro, muitos casarões da elite local foram abandonados. O Sobradão se preservou graças ao esforço de uma das filhas de Fortes, dona Benedita Fortes Costa.

Com o tempo, praticamente todos ruíram ou foram demolidos, com exceção do Sobradão do Porto que, em 1926, passou a abrigar o Hotel e Restaurante Budapest. Dois anos depois, o edifício foi vendido pelo herdeiro Oscar Costa à Companhia Taubaté Industrial – CTI, de Félix Guisard.

Em 1959, o Sobradão do Porto foi tombado pela Secretaria do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Arquitetônico Nacional – SPHAAN. Mais tarde o valor Histórico e Arquitetônico do Sobradão do Porto também foi reconhecido com o tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo – CONDPHAAT.

Em 1981, o edifício foi desapropriado pela Prefeitura Municipal e, em 1987, tornou-se a sede administrativa da FundArt. Em 2005, a administração da FundArt desocupou as dependências do andar superior do Sobradão, devido ao precário estado de sua estrutura. Em 2007 o contato com o IPHAN resultou na elaboração de um projeto de completo restauro –aprovado em 2009, iniciando-se a fase de captação de recursos, somente conseguidos a partir de 2015.