Quatro deficientes visuais do Litoral Norte viveram, neste domingo(14), as emoções dos velejadores que participam da Semana Internacional de Vela de Ilhabela. Os deficientes, três deles de Caraguatatuba e um deles, de São Sebastião, integram o projeto Sailing Sense que tem como objetivo promover a inclusão de pessoas com deficiência também no iatismo.
O projeto, criado por Miguel Olio, existe desde 2007 na represa de Guarapiranga, em São Paulo. Há dois anos, a experiência da vivência náutica, também, acontece durante a semana internacional de vela de Ilhabela.
Os quatro deficientes, Maria Julina de Souza, de 75 anos; Edson José, de 51 anos, Roberto Oliveira, de 56 anos- todos de Caraguatatuba e, Marina Castelani, 51 anos, de São Sebastião estiveram no domingo em Ilhabela para participarem pelo segundo ano consecutivo da vivência náutica que acontece durante a semana de vela da ilha.
O Tamoios News acompanhou os deficientes na travessia feita por catamarã até a ilha, no bondão e no retorno até São Sebastião. Os quatro, em terra firme, contavam apenas com o apoio de Celita, que liderava o grupo. Todos se saíram muito bem em terra firme e no barco.
Maria Julina, a dona “Ju” , é aposentada e perdeu a visão em 2009. “É uma experiência das mais gratificantes. Uma sensação de independência, de liberdade, de descobrir o novo. A gente não vê, mas sente toda a emoção de velejar”, contou.
Edson José, de 51 anos, que perdeu a visão há 37 anos, também, destacou que a experiência de velejar é das mais emocionantes. É prazeiroso demais conviver com o vento e o barulho do mar. É uma emoção muito grande”, disse.
Marina Castelani, que participa da vivência há dois anos, também, participará de uma das regatas da semana de vela de Ilhabela. Ela e o marido, Eduardo da Silva, de 55 anos, também, deficiente visual, irão participar da disputa pelo segundo ano consecutivo em Ilhabela.
“Conheci o projeto na represa de Guarapiranga em 2017 e, desde então, participo da vivência e das competições na ilha. Na vivência, a gente aprende sobre os comandos do barco, sobre a posição do vento, mas na competição, a emoção é muito maior. É muito emocionante e gratificante”, destacou.
Projeto
O projeto Sailing Sense, segundo Miguel Olio, começou em 2007 a possibilitar que pessoas com deficiência pudessem velejar. Começou na represa de Guarapiranga, em São Paulo, depois ao Guarujá, em 2015 e ao Rio de Janeiro, em 2016.
Na Semana Internacional de Vela de Ilhabela o projeto participa desde o ano passado, 2018. Na ilha, acontecem as vivências e a participação das pessoas com deficiência nas competições oficiais.
Este ano, Marina, Edson(deficientes visuais) e Telmo, amputado vão compor a partir de quarta(17) a equipe do veleiro Vilamar, de 32 pés, nas competições. Edson será o timoneiro, Marina, cuidará a da vela principal e Telmo, da vela genoa e das manobras. Outros quatro tripulantes estarão na embarcação acompanhando e assessorando os deficientes.
Segundo Miguel, o projeto tem o poio financeiro da Fundação Telefônica, braço social da Vivo e da multinacional Jani King, que atua no segmento de limpeza empresarial. O projeto conta ainda com mais dez parceiros como a Revista Náutica, o Iate Clube Ilhabela, o Pindá Iate Clube, entre eles, que ajudam como podem.
As prefeituras da região, segundo Miguel, apenas encaminham seus deficientes para usufruírem das vivências realizadas durante a semana de vela de Ilhabela.