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Comissão de Ética de São Sebastião apura morte de paciente covid na UPA-Central

Tamoios News
A comerciante Katiuscia, de 41 anos, com o marido Jerry

A família da comerciante Katiuscia Ramos da Silva, de Boiçucanga, suspeita de possível negligência na morte dela durante tratamento da covid-10 na UPA-Central de São Sebastião. O caso será investigado pela Comissão de Ética do hospital.

Katiuscia, de 41 anos, era comerciante em Boiçucanga. Ela faleceu na última sexta-feira(17). O laudo do hospital apontou morte encefálica/insuficiência agudo respiratória/ Covid-19.

A comerciante foi enterrada no sábado e a família aguarda o atestado oficial de óbito para tomar as providências cabíveis. A família acredita que ela morreu devido a problemas ocorridos durante o processo de intubação na UPA-Central.

O médico Juan Lambert, que coordena os serviços e urgência e emergência na UPA-Central de São Sebastião, responsável pela intubação de Katiuscia, nega erros no procedimento de intubação. Segundo ele, a paciente estava bem grave. (Leia a versão dada pelo médico abaixo).

Caso

Foto: Luciano Vieira/PMSS

A comerciante Katiuscia sentiu muita falta de ar na madrugada de segunda-feira, dia 13 e foi encaminhada para a unidade  de saúde, que fica no Cascalho, em Boiçucanga, na costa sul. A situação dela se complicou e a paciente  acabou sendo internada do Pronto Atendimento do bairro, onde ficou recebendo oxigênio, segundo a família.

O marido dela, Jerry de Jesus Goes, de 47 anos, disse que na terça-feira, dia 14, Katiuscia foi transferida para a UPA-Central, onde são tratados os caso mais graves de Covid-19. Lá, os exames médicos confirmaram que seus pulmões estavam bem comprometidos.

Katiuscia, segundo a família, foi transferida para a sala de emergência, com os pulmões bastante comprometidos. A paciente estava consciente, apesar do comprometimento do pulmão, da falta de ar e da baixa oxigenação no sangue.

“O médico Juan Lambert conversou com a gente na quarta-feira(15). Informou que se ela não melhorasse, seria intubada. Eu e a Emeli (filha) conversamos por cerca de 10 minutos com ela. Estava consciente e eu disse para ela que iria dar tudo certo, para que ela ficasse tranquila”, contou o marido Jerry.

Segundo ele, durante a conversa, Katiuscia teria pedido para colocar crédito no celular e ainda perguntou para a filha, Emeli, se o carregador estava em sua bolsa. Essa teria sido a última conversa de Katiuscia com o marido Jerry e a filha, Emeli, de 22 anos.

Jerry afirmou que Katiuscia teria sido intubada na quarta-feira. Na quinta(16), a família não teve notícias dela. Na sexta-feira(17), a família recebeu uma ligação da UPA-Central para que fosse até o hospital.

“Fomos informados que Katiuscia teria sofrido três paradas cárdio respiratórias durante o processo de intubação. Comentaram que o médico demorou cerca de meia hora para fazer o procedimento, mesmo assim, com a ajuda de outros profissionais. Informaram que ela conseguiu ser reanimada, mas com morte cerebral”, disse Jerry.

Na noite de quinta(16), segundo a família, teriam sido feitos vários exames para confirmar a morte cerebral por médico neurocirurgião e até  tomografia. Segundo a família, apesar dela não apresentar doenças preexistentes, a possibilidade de doação de órgão de Katiuscia foi descartada devido a Covid-19.

A morte dela foi confirmada pelo hospital, às 14h14, de sexta-feira. 0 motivo: morte cerebral, insuficiência aguda respiratória e Covid.  O corpo de Katiuscia foi sepultado no cemitério de Boiçucanga, no sábado(18), em caixão lacrado e sem velório, conforme os protocolos do MS(Ministério da Saúde).

Negligência

Atestado da morte emitido pela UPA-Central

A família cobra explicações da UPA-Central pois entende que Katiuscia apesar de estar com covid não teria morrido devido a doença, mas sim de supostos problemas ocorridos durante a intubação dela.

“Ela estava com Covid, mas não morreu pela Covid. Ela teve morte encefálica, possivelmente, causada pela demora no processo de intubação, que normalmente é feito em poucos segundos, no caso dela, teria levado quase meia hora. Ela foi se tratar de uma doença e acabou morrendo por outra causa”, entende Jerry.

Segundo ele, a família aguarda o prontuário médico do hospital para tomar as providências cabíveis.

Médico

Médico Juan Lambert nega erros no procedimento de intubação

O médico Juan Lambert disse ao Tamoios News que a paciente estava muito grave, com exames piorando cada vez mais. Segundo ele, Katiuscia tinha 75% do pulmão comprometido e por isso foi indicado a intubação.

“A paciente durante o procedimento, teve uma parada cardio-respiratória, na qual foi reanimada com sucesso. Em nenhum momento houve negligência, visto que estávamos em cinco pessoas na equipe”, contou.

Segundo o médico Juan Lambert, coordenador dos serviços de urgências e emergências da UPA-Central, o caso da paciente Katiuscia Ramos da Silva foi encaminhado para o comitê de ética do hospital para análise.