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Impasse na Justiça Gera Transtornos Para a Comunidade e Dificuldades em Obra do Contorno Sul

Tamoios News
Jorge Mesquita
Jorge Mesquita

Obras do Contorno Sul em São Sebastião

Dersa e proprietário de imóvel que serviria como via de acesso para agilizar as obras não entraram em acordo

Por Ricardo Hiar

A Construtura Queiroz Galvão aguarda uma decisão judicial para conseguir utilizar um caminho de serviço, localizado no São Francisco, em São Sebastião, para a execução das obras do Contorno Sul. Caso essa autorização demore a ser emitida, a empresa poderá enfrentar alguns desafios para realizar a entrega dentro da meta que estabeleceu, em dezembro de 2017.

Apesar disso, pelo cronograma do Governo do Estado, contratante da obra, o empreendimento pode seguir até março de 2018, que ainda estaria dentro do prazo previsto para a execução.

O caminho de serviço é uma rota alternativa, criada exclusivamente para fazer ligação entre a SP-55 e o canteiro de obras. Trafegar por ele agilizaria o acesso e evitaria transtornos aos moradores do entorno, principalmente pelo grande fluxo de caminhões e maquinários pesados. Na rota atual, a empresa só tem autorização da prefeitura para circular nas vias residenciais até às 18h, o que gera maior movimentação na SP-55 durante o período diurno e em horários de pico.

Apesar de já possuir as licenças ambientais para construir a estrada, a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) não entrou num acordo com o proprietário do imóvel para poder utilizá-lo.

Em encontro realizado com representantes da imprensa na última quarta-feira (23), Paulo Celestino, engenheiro civil da Queiroz Galvão responsável pela obra na região, explicou que todas as providências já foram tomadas, mas que depende dessa liberação para acelerar a obra.

“Nós já temos todas as autorizações e licenças ambientais, o problema ali é uma questão comercial. O valor que a Dersa entende como o justo, o proprietário não está aceitando. Por isso o caso foi para a justiça. Acredito que logo teremos um retorno disso, mas não dá pra prever quanto tempo”, disse.

Segundo Celestino, a obra está em andamento, mas o novo caminho será de grande importância para o andamento da construção de um túnel de 3,6 km, que será o maior do Brasil em uma rodovia, e é considerado o trecho “crítico” do empreendimento.

“Nosso objetivo é entregar a obra em dezembro de 2017, apesar de termos 36 meses para concluir os trabalhos a partir de quando recebemos toda a área para atuarmos, o que não aconteceu ainda. Mesmo assim a obra está dentro do cronograma por enquanto”, explicou.

A Queiroz Galvão é responsável pelos blocos 3 e 4 do Contorno da Nova Tamoios. A obra de responsabilidade da empresa será implementada aos trechos 1 e 2, de responsabilidade da Serveng. Quando finalizados os quatro blocos, será possível acessar o Porto de São Sebastião por essa única via a partir da Rodovia dos Tamoios.

No trecho de São Sebastião haverá três túneis e outras áreas com obras de arte (viadutos). Nesse empreendimento há poucas áreas de pista que serão instaladas diretamente em solo, o que aumenta sua complexidade. O primeiro túnel terá cerca de 2,2 km, partindo do bairro Jaraguá. Já o segundo, com 3,6 km, ligará o Morro do Abrigo ao bairro Topolândia. O último túnel, o menor de todos, também ficará nesse mesmo bairro e terá 450 metros de extensão.

Apesar de existirem acessos entre os túneis nos sentidos de ida e volta, para cumprir a função de escoamento em casos de emergência, não há retorno em toda extensão. O motorista que acessar a via no bairro do Jaraguá, por exemplo, só conseguirá retornar a partir da Topolândia.

Na avaliação de Francisco Ranufo, superintendente de todas as obras da Queiroz Galvão na região, as obras do contorno são bastante complexas, mas estão sendo bem tocadas. “Ela é muito difícil de ser executada, mas estamos utilizando as melhores técnicas existentes hoje no mercado para que a obra atenda a amplitude que representará para a região”, completou.

Outros acessos

Enquanto o acesso tem sido realizado pelas vias tradicionais do bairro, diariamente os caminhões e maquinários precisam trafegar por ruas estreitas, em alguns pontos de mão única, o que reduz consideravelmente a velocidade. No Morro do Abrigo, por exemplo, há locais em que todo cuidado é pouco, pois as vias são estreitas e à beira de ribanceiras.

A empresa também teve que investir em melhorias de infraestrutura, de modo a evitar mais transtornos aos moradores dessas áreas. Ela também investiu em outros bairros, onde há rota para os trabalhos do contorno.

Só na Costa norte, a construtora Queiroz Galvão investiu mais de 4,4 milhões em pavimentação. Em setembro foram iniciadas melhorias no pavimento da Avenida Dario Leite Carrijo, que faz ligação entre os bairros Enseada e Jaraguá. Melhorias também estão sendo realizadas no bairro São Francisco e Morro do Abrigo.

Mão de obra local

Paulo Celestino diz que a obra do Contorno Sul tem absorvido muito da mão de obra local. Apesar disso, como a fase inicial é mais demorada e de ações mais específicas e que demandam trabalhadores especializados em maquinário pesado e mineração, não é o momento em que ocorre o maior número de contratações. Ele adianta que a fase da obra de arte da Topolândia será a que mais irá requerer contratação de mão de obra da cidade.

Túneis

Os três túneis que serão construídos nos blocos 3 e 4 do Contorno Sul utilizarão o método NATM (New Austrian Tunneling Method), em que é possível realizar cerca de 4 metros de extensão por dia. Esse sistema consiste na utilização de um maquinário próprio, que consegue construir túneis de uma maneira eficiente e segura. No primeiro momento, uma máquina faz perfurações nas rochas. Ela é ajustada eletronicamente e faz esses furos de 4 metros de extensão de forma sistemática.

Nessas perfurações, são instalados explosivos que, quando acionados, conseguem destruir as rochas de modo sistêmico, já nos parâmetros adequados para o túnel. Na sequência, uma máquina de grande pressão joga concreto nas paredes, de modo a manter a forma e a aderência do túnel.

De acordo com os especialistas que estão atuando na região, as rochas que estão sendo encontradas em São Sebastião e Caraguatatuba são altamente resistentes. Elas chegam a ser seis vezes mais resistentes do que o melhor concreto disponível no mercado atualmente.

Segundo a Queiroz Galvão, o ar no interior do túnel recebe tratamento após detonação e todos os cuidados são tomados em relação ao barulho e demais impactos sobre os imóveis e população do entorno.

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