Cidades São Sebastião

Moradores do CDHU Jaraguá reclamam dos valores das parcelas e do abandono do local

Tamoios News
CDHU Jaraguá em São Sebastião

Diversos moradores do conjunto habitacional do CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) localizado no bairro do Jaraguá, na costa norte de São Sebastião enviaram mensagens nos últimos dias para o portal Tamoios News, com reclamações referentes aos valores das parcelas, da infraestrutura e da segurança do local.

O motorista Gilberto Cardoso Braz chegou a fazer um resumo dos aumentos no período de um ano e sete meses. “Já tive dois reajustes com porcentagem acima de 40%”, reclama.

Ele conta que morava em Barra do Una. “Somos caiçara nativos. Nossa casa era uma das mais antigas do bairro. Quando meus pais fizeram não havia área de APP (Área De Preservação Permanente), daí com o tempo começaram a fiscalizar e condenaram nossa casa por não ter licença de alvará e fomos obrigados a sair”, relata Gilberto.

Sobre o aumento das parcelas o motorista informa que ligou no CDHU e foi informado que para resolver problemas financeiros é preciso ir até a cidade de Santos, no posto de atendimento da CDHU.

“Porém nem todos aqui têm condições para estar se deslocando até lá. Acho que a CDHU deveria vir aqui, pois é mais fácil um deles vir do que todos irem lá”, pede.

Tiago Gonçalves de Oliveira Ribeiro, que é pescador artesanal, morou por 20 anos em Toque Toque Grande fez uma série de reclamações.

“Mudei para cá em outubro de 2018. No contrato estava estipulado o valor de 143 reais, mas teve um aumento de 50 reais devido ao seguro”, informa. O pescador conta que a CDHU esteve no local na época.

“Sobre as parcelas atrasadas foi feito um novo contrato e o valor chegou a 243 reais. Se as pessoas não estavam conseguindo pagar 143 reais como vão pagar 243 reais? Estou com quatro prestações atrasadas”, desabafa.

Gilberto tem receio de que a CDHU coloque em prática o que ele já ouviu de uma atendente do órgão. “Se não pagar vai haver reintegração de posse na Justiça”, conta.

O morador afirma que ninguém se nega a pagar, porém querem um valor justo. No conjunto do Jaraguá a maioria das pessoas ainda trabalham nos antigos bairros de onde vieram, na costa sul da cidade.

“Muitos de nós pegamos duas conduções para ir e voltar ao trabalho. Ficamos fora o dia todo e não temos segurança nenhuma. A prefeitura prometeu que iria fechar as entradas e fazer um muro, mas até agora nada! ”, reclama.

A vendedora autônoma Mariana dos Santos Cruz Lopes mora no local há cerca de dois anos. “O primeiro carnê veio com valor de 143 reais. Agora foi para 241,00 e as últimas folhas está com valor de 294 reais. Preciso que o valor seja menor”, solicita.

Um dos moradores que preferiu não se identificar contou que não pagou nenhuma parcela do imóvel até o momento porque todos da família estão desempregados. Eles moravam em Boiçucanga e devido a mudança perderam o emprego, pois a empresa não pagava duas conduções na ida e na volta.

A manicure Aline Cardoso Braz tem parcelas em atraso. “A primeira parcela era 140 reais, mas agora está em 214 reais. Conversei com o pessoal da CDHU, mas falaram para procurar a central deles, que fica em Santos. Sem contar que eles também não resolvem os problemas de rachaduras e infiltração”, relata.

CDHU

O Tamoios News enviou uma lista com questionamentos sobre os relatos dos moradores ao órgão, que respondeu que a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) por determinação legal reajustou todos os contratos de financiamento que possuem cobertura por morte ou invalidez permanente, bem como por danos físicos ao imóvel. Segundo o órgão, a legislação exige a renovação da apólice de seguro, que foi contratada em 2013 e expirava em 2019. Diante disso, a CDHU realizou novo processo de contratação para cobertura do seguro.

Mesmo tendo sido feita por meio de licitação pública, a nova contratação registrou aumento dos prêmios de seguros, cujas diferenças foram repassadas às prestações dos financiamentos.  Os mutuários que tiverem a valor da prestação comprometendo a renda em percentual superior àquele estabelecido nas faixas dos programas habitacionais de interesse social do Estado, podem solicitar a análise e a revisão da mensalidade cobrada. E finalizaram informando o site www.cdhu.sp.gov.br ou o atendimento telefônico Alô CDHU 0800 000 2348.

Prefeitura

Até o fechamento da matéria a prefeitura de São Sebastião, não respondeu os questionamentos dos moradores enviados pelo Tamoios News.