Por Salim Burihan
A cidade de São Sebastião possuí várias capelas espalhadas pela costa sul e norte. Construídas a partir da década de 20, muitas delas, como as de Boiçucanga, Maresias, Barra do Sahy, Barra do Una, Enseada e Toque Toque Grande, ao longo dos anos acabaram se transformando em atração turística.
Uma dessas capelas, a da Nossa Senhora Imaculada Conceição, em Toque Toque Grande, completa 100 anos em 2020. Existem algumas discordâncias quanto a data da construção, para alguns teria sido erguida em 1930, mas é uma das capelas mais antigas da região. Ela foi construída por famílias caiçaras que viviam e vivem ainda no bairro, que fica a 16 quilômetros do centro de São Sebastião.
A construção é simples. Segundo consta, foi construída de pau-a-pique e reformada em 1932. Tem apenas um ambiente, um púlpito revestido de cerâmica e fachada voltada para o mar. Muitos caiçaras se casaram, fizeram a primeira comunhão ou foram batizados na capelinha.
As missas acontecem apenas aos sábados, às 20 horas, realizadas pelo padre Alessandro Henrique Coelho, da paróquia São Sebastião. A festa em homenagem à santa é realizada em abril e reúne toda a comunidade local. Neste domingo, excepcionalmente, às 10 horas, houve missa solene em homenagem Sant’Anna. A programação para o resto do ano está suspensa por conta da pandemia.
Ana Raquel Santos, que vive desde 2003 em Toque Toque Grande é quem cuida diariamente da capela. Ela explica que atualmente a igrejinha só abre aos sábados, exceto durantes os festejos à São Pedro, Sant’Anna e Imaculada Conceição em junho, julho e dezembro. A capela, segundo ela, é muito visitada por turistas.
“A capela Imaculada Conceição é um símbolo da devoção e da tradição do povo caiçara que se uniu pela construção do templo e que através das gerações vem mantendo sua fé e repassando seus costumes. Embora ao longo dos anos tenha havido uma miscigenação dos povos, a cultura e a tradição vem se mantendo também através das famílias que por esta comunidade foi acolhida”, comentou.
Benedito Carlos de Oliveira, o seu Ditinho, que foi batizado na capela em 1952, tendo como madrinha Cecília de Mattos, hoje, aos 70 anos lembra com carinho da capela e sua importância para a comunidade caiçara. “Ela tem um importância muito grande na minha vida e de toda a comunidade”, afirmou.
Ele relembrou as festas que eram realizadas na capela, como as de São Pedro, São João e Santo Antônio e das novenas e ladainhas, que reuniam toda à comunidade caiçara do Toque Toque Grande. “São lembranças inesquecíveis”, comentou.
Simoni Oliveira lembra das procissões realizadas até o final da década de 80 quando a santa padroeira era levada nos ombros dos caiçaras pela praia até a capela. “Era um data muito especial, dia 8 de dezembro, toda a comunidade aguardava com muita ansiedade por esse dia. Era uma festa que reunia toda a comunidade. A capela foi, no passado, o local de encontro para se discutir e debater as questões da comunidade, além das missas e festas católicas”, afirmou.