Cidades São Sebastião

Pela primeira vez em sua história guaranis deixam de comemorar o Dia do Índio

Tamoios News

Por Salim Burihan

Pela primeira vez, desde quando foi criado oficialmente o Dia do Índio, os guaranis do Litoral Norte deixam de comemorar a data, celebrada neste domingo, 19 de abril, devido as pandemia de coronavírus.

O Dia do Índio, celebrado no Brasil em 19 de abril, foi criado pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto-lei 5540 de 1943. A data de 19 de abril foi proposta em 1940, pelas lideranças indígenas.

No Litoral Norte, existem quatro aldeias guaranis a do Rio Silveiras, em São Sebastião e as da Boa Vista. Renascer e Rio Bonito, em Ubatuba. Todas cancelaram as comemorações.

Nos últimos anos, as comemorações do Dia do Índio no litoral norte, além de preservar e valorizar a cultura guarani, também, atraíam visitantes da capital e do interior. O Dia do Índio sempre foi um dos dias mais movimentados nas aldeias.

Neste domingo, não tem festa nas aldeias

Neste dia, as aldeias promovem seus rituais, como dança, cantos e exibições de arco e flecha. Os guaranis também aproveitam a comemoração para a venda de belo artesanato, a maioria, em cestarias.

Cestarias produzidas pelos guaranis

Isolados, devido a pandemia de coronavírus, os guaranis suspenderam todas as programações neste Dia do Índio. Permanecem isolados em seus territórios.

“É a primeira vez que isso acontece desde a década de 40”, conta o cacique Adolfo Timóteo Wera Mirim, líder da aldeia guarani do Rio Silveiras, na costa sul de São Sebastião.

Cacique Adolfo Timóteo, do Rio Silveiras

Segundo o cacique, o momento é de isolamento para impedir que o coronavírus chegue à aldeia, onde vivem 130 famílias. Nenhuma das aldeias guaranis do Litoral Norte registra até o momento casos de coronavírus.

Desde a primeira semana de março, as aldeias se isolaram, impedindo a entrada e saída de guaranis e pessoas para evitar que o vírus entre chegue às aldeias.

O isolamento tem sido fundamental para preservar a saúde dos guaranis, mas sem poder sair para vender seus artesanatos fica difícil arranjar dinheiro para a compra de alimentos.

Os guaranis estão dependendo da ajuda das prefeituras e de entidades para conseguirem alimentos e produtos de higiene para suas aldeias.

“A gente tem recebido da prefeitura e de algumas entidades, mas ainda é pouco”, afirmou o cacique Adolfo Timóteo.

Nas aldeias Boa Vista, Renascer e Rio Escuro, em Ubatuba, onde vivem cerca de 100 famílias, a situação não é diferente.

A aldeia Boa Vista, que comemorou recentemente seus 50 anos de existência, também, pela primeira vez não terá comemorações no Dia do Índio. A preocupação maior dos líderes é conseguir alimentos e produtos de higiene.

O guarani Adílio Wera Paraguassu, professor da aldeia Boa Vista, confirma que poucos alimentos e produtos de higiene estão chegando até as aldeias de Ubatuba.

Segundo ele, os guaranis necessitam de arroz, feijão, farinha, fubá, sal, macarrão, óleo e, principalmente, sabão, para que os índios possam fazer a higiene, tão recomendada no combate ao coronavírus.

Quem puder colaborar basta entrar em contato com Adílio (12) 99706-0638 ou Iris (12) 99784-5822.

Confira canto guarani, na voz de três meninas, que fala no amor à natureza e aos pássaros: