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Semana Internacional de Vela de Ilhabela volta às regatas presenciais

Tamoios News

Marcando a retomada das grandes competições de vela oceânica no Brasil, a 48ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela abre a raia neste domingo (25) com a regata Alcatrazes por Boreste Marinha do Brasil. O evento reunirá no Yacht Club de Ilhabela (YCI) 81 barcos de várias regiões do País. Quase um quarto das embarcações são estreantes nesta temporada.

A maior prova de vela oceânica da América do Sul adota protocolos rígidos de segurança desde a entrada em Ilhabela (SP) até chegada aos píeres para início das regatas. Todos os participantes devem estar testados ou vacinados segundo o regulamento.

A competição pra valer vai de domingo (25) até o sábado (31) e terá oito classes: ORC, Bico de Proa, RGS, Clássicos, Mini Transat, Multicascos, C30 e HPE25. Durante a Semana de Vela de Ilhabela, a comissão promoverá regatas de médio percurso e barla-sota, além do tradicional Torneio por Equipes e a ação de fomento à modalidade Vela do Amanhã.

Entre os inscritos para as regatas presenciais, a Bico de Proa, uma das classes mais populares da vela oceânica, chega a Ilhabela com a maior flotilha, com 19 veleiros. A ORC e a RGS também devem encher a raia com disputas acirradas. O campeonato, que segue até sábado (31), ainda contará com a força da HPE 25, que vem com 12 veleiros, seis tradicionais embarcações na Clássicos, dois representantes da nova Mini Transat e um Multicascos.

“O sentimento, às vésperas da abertura da Semana de Vela de Ilhabela, é de missão cumprida. Passamos um momento super complicado, e temos muito que agradecer ao prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci, que nos deu o sinal verde, e ao nosso comodoro Alex Pereira. Entre todos os velejadores, o clima é de alegria por estarmos todos aqui”, destaca Mauro Dottori, organizador do evento.

A semana terá uma programação intensa, com regatas competitivas, garante Mauro Dottori. “De agora em diante, vocês verão regatas competitivas, todas aquelas velas lindas, e uma semana de programação intensa. Espero que vençam os melhores em cada classe e que tenhamos disputas inesquecíveis, porque passar por tudo o que passamos e estarmos aqui vale muito.”

Pela primeira vez na história com um evento híbrido, seguindo os grandes torneios internacionais, a Semana de Vela de Ilhabela encerrou sua Virtual Edition nesta quinta-feira (22), com a vitória do brasiliense Lucas Dantas, de apenas 16 anos. O segundo lugar ficou com Gutemberg Campelo e o terceiro com Gustavo Kunze. Ao todo, mais de 70 pessoas participaram das provas no simulador Virtual Regatta, nas classes Offshore, J-70 e Fareast 28.

Abertura

A cerimônia de abertura está marcada para este sábado (24), às 20 horas, no Yacht Club de Ilhabela. Pensando na segurança dos velejadores e equipe de produção, o local receberá todas as atividades da semana, como retirada de kits de participação e premiações das regatas.

Além disso, eventos tradicionais como a canoa de cerveja, confraternizações e atendimento à imprensa foram suspensos. A competição ainda adotou um protocolo rígido com testagens prévias e monitoramento constantes.

Na última edição com regatas presenciais, em 2019, o campeão geral da Semana Internacional de Vela de Ilhabela foi o Pajero, comandado por Eduardo Souza Ramos, conquistando seu 11º título, com o melhor desempenho entre todos os 123 participantes. A equipe também venceu a tradicional regata Alcatrazes por Boreste Marinha do Brasil, que abre o calendário.

Destaques da Semana de Vela

Outro barco comandado por Eduardo Souza Ramos está entre os destaques desta edição da Semana de Vela em Ilhabela. O novo veleiro Phoenix, um Botin 44, fará sua estreia na competição na classe ORC, e é apontado por especialistas em vela oceânica como um dos melhores projetos feitos no País, misturando velocidade e tecnologia a bordo.

“O espírito que me levou a esse barco é ter um veleiro prazeroso, agradável no velejar em ventos médios, de popa e de través. Consegui depois de muitos anos ter roda de leme, o que me dá um conforto maior em barcos rápidos. É bom de andar e navegar”, disse Eduardo Souza Ramos, o maior vencedor da competição em Ilhabela com 11 títulos divididos em barcos como Phoenix e Pajero.

O veleiro foi construído todo em carbono pelo estaleiro ML Boats, em Indaiatuba (SP) e que teve como projetista a Botin Partners Naval Architecture. Outro destaque do barco é o grinder – peça que parece uma manivela – e será usado para subir e descer as velas, principalmente para baixar o balão. O sistema é crucial para ajudar o tático a decidir as manobras nas regatas. E, além de Eduardo Souza Ramos, a tripulação do Phoenix é a mesma que conquistou o título da última Semana Internacional de Vela com o Pajero.

Entrando na disputa pelo título, o Phytoervas 4Z Sailing Team chega a Ilhabela a bordo de um S40 completamente remodelado para fazer frente aos outros barcos da classe ORC. A equipe é formada pelo comandante Alexandre Wissenbach e outros nove velejadores com experiência em regatas de alto nível em diversas classes, a maioria com resultados expressivos em edições anteriores de Semana de Vela de Ilhabela.

A disputa deve ficar ainda mais acirrada com a participação da equipe do King, também um veleiro S40 na classe ORC, comandado por Fábio Faccio. O time contará com dez tripulantes, a maioria retornando à classe oceânica na Semana de Vela após um longo intervalo, além de um velejador mirim.

“Adquirimos o barco no ano passado e fizemos algumas regatas, já ansiosos para retornar à Semana de Vela de Ilhabela. Somos em sete sócios na equipe, todos com presença constante na competição há vários anos atrás. Paramos de competir por um tempo, devido a compromissos profissionais”, explica o comandante Fábio Faccio.

“Alguns de nós voltaram às raias de Ilhabela mais recentemente, mas de forma individual, na HPE 25. Esta será a primeira vez, depois de muito tempo, que voltamos a competir numa classe de oceano. Queremos nos divertir, reencontrar os amigos. E, quem sabe, beliscar uma das primeiras posições.”

Disputa entre amadores

Duas das classes com maiores flotilhas em Ilhabela serão a Bico de Proa e a RGS, categorias muito populares na vela oceânica. São BARCOS formados por equipes de amigos e familiares que garantem a festa durante as regatas.

Em modelos de cruzeiro que não sejam de alta performance. Mas sem deixar o espírito de competição de lado.

“A classe RGS utiliza uma fórmula simples para estabelecer ratings. Muitos veleiros que começam na Bico de Proa depois ingressam na RGS. É uma regra 100% brasileira e possui um custo bem acessível”.

”E isso atrai cada vez mais participantes para a Semana de Vela de Ilhabela”, aponta Alexandre Martinho, presidente nacional da RGS, garantindo que a categoria deverá ter grandes disputas na raia no litoral paulista.

“O Zeus foi o campeão da RGS em 2019, e é a equipe a ser batida este ano”, aposta.

Largada para Alcatrazes

A tradicional regata Alcatrazes por Boreste Marinha do Brasil abre a raia em Ilhabela no domingo (25) às 12h10. A Alcatrazes tem um percurso de 55 milhas náuticas contornando o arquipélago do litoral norte paulista e chegando no Farolete 4. Outras provas também fazem parte do dia como a Toque-Toque por Boreste (25 milhas náuticas) e Renato Frankenthal (10 milhas náuticas).

Vela do Amanhã

A Semana Internacional de Vela de Ilhabela quer deixar como legado o incentivo à formação da nova geração da vela oceânica no Brasil. Com a Regata Vela do Amanhã, marcada para o dia 26, alunos das escolinhas da modalidade em Ilhabela e região poderão vivenciar uma disputa de alto nível técnico, integrando tripulações experientes. Assim, eles ganharão experiência no trabalho em equipe na principal competição do gênero na América do Sul.

A Vela do Amanhã contará com as 60 crianças que fazem parte dos projetos da ilha, como a Escola de Vela de Ilhabela e a Escola de Vela Lars Grael. Todas as equipes inscritas na competição também são incentivadas a participar da ação. A inscrição pode ser feita diretamente na secretaria do Yacht Club de Ilhabela (YCI).

Uma das equipes que participará da regata com os velejadores mirins e o Boto V. “Nós sempre levamos a bordo o pessoal dos institutos náuticos, sobretudo o do Instituto Náutico de Paraty, para velejar com a equipe. É uma grande troca, somos todos entusiastas da vela. Por isso, quero convidar os comandantes dos ouros veleiros a oferecer vagas para esses jovens velejadores na Regata do Amanhã. Tenho certeza de que eles vão agregar muito às tripulações”, pede André Sobral, comandante do Boto V.

Quem estará ao lado do Boto V na Regata do Amanhã é Inaê 40, um dos barcos com tradição na Semana de Vela de Ilhabela. “Já colocamos nossa embarcação à disposição, com seis vagas para os jovens dos institutos náuticos”, conta Bayard Neto, comandante do Inaê 40.

Competições paralelas

Como nas edições passadas, a 48ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela terá uma série de competições paralelas para acirrar ainda mais a disputa na raia no litoral paulista. Já consolidado, o Torneio por Equipes terá times formados por barcos das classes ORC, RGS e Bico de Proa, representando clubes, associações ou cidades, para brigar pelo troféu transitório Pen Duick II.

No ano passado, a grande campeã foi a equipe “Pajero”, formada pelo Pajero (ORC), Asbar II (IRC), Zeus (RGS) e Newport (Bico de Proa). Em 2018, o CIZ formado por San Chico/ORC, Inaê 40/IRC e Zeus/RGS foi o vencedor.

Já a classe C30 definirá o campeão brasileiro nas regatas da semana, em Ilhabela. Os barcos somarão pontos em todas as regatas entre 25 e 31 de julho.

Troféu da 48ª SIVI

O troféu oficial da 48ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela será o Krishna. O modelo German Frers de 36 pés foi construído no início da década de 70 e brilhou em regatas nacionais e internacionais como Santos-Rio e Newport Bermudas Race. A embarcação teve Eduardo Souza Ramos, maior campeão da Semana de Vela de Ilhabela, como seu primeiro comandante depois passando pra Roberto Pellicano, que tem uma família de velejadores de ponta.

As homenagens aos barcos antigos no evento começaram em 2006, e têm como objetivo prestigiar embarcações que contam a história da vela brasileira.

Em busca do impacto zero

Desde 2016, a Semana Internacional de Vela de Ilhabela adota medidas para conter a poluição dos oceanos. A competição não utiliza mais canudos de plástico e produtos descartáveis como copos, nas dependências do Yacht Club de Ilhabela. Além disso, o envio de resultados e instruções aos velejadores tem sido feita de forma digital, diminuindo o uso do papel.

O evento também está linkado ao movimento batizado #JulhosemPlastico ou Plastic Free July. A iniciativa criada em 2011 vai de encontro aos dados alarmantes das Nações Unidas, que aponta o maior desafio do século XXI é justamente o plástico.

Diretor do departamento de meio ambiente do YCI, responsável pelas medidas, Júlio Cardoso se destacou nos últimos anos por registrar a chegada de animais marinho no Canal de São Sebastião. As regatas ocorrem durante o processo migratório das baleias jubartes passando pelo litoral norte rumo à Abrolhos (BA). E Júlio Cardoso deverá fazer algumas expedições de observação de baleias e golfinhos, para reforçar a conscientização das pessoas sobre a preservação da vida marinha.