Cidades

Trafego de máquinas e caminhões pesados causam novo acidente na obra do Contorno

Tamoios News

Dessa vez, a casa do pescador que está sendo construída na região foi atingida por deslizamento

Por Marcello Veríssimo

A possibilidade de perder tudo há qualquer momento. Este é o dilema que o pescador Rafael dos Santos Costa, 25, vive nos últimos dois meses. Tudo começou quando por influencia do tamanho e peso dos caminhões, que causaram desnível na rua fazendo com que, conforme o volume e intensidade de chuva, a terra deslize, e a água desça, como uma cachoeira, na direção das residências. A obra vem sendo executada pela empresa Queiroz Galvão. Recentemente, na última semana, funcionários da Obra do Contorno cruzaram os braços em estado de greve por melhores condições de trabalho.

Caiçara, trabalhador, casado, humilde o rapaz comprou um terreno na região do Morro do Abrigo, perto de onde são realizadas as obras da Estrada do Contorno, um dos projetos do Governo do Estado para o litoral norte. Morador da Ilha dos Búzios, atrás de Ilhabela, a intenção de Rafael era trazer a família para o continente. “Como meus irmãos estão por aqui [em São Sebastião] a intenção era construir e trazer a família para cá. Comprei um barco, estou pagando e construindo aos poucos”, disse ele. A mudança da família também estava preparada em razão do desejo da filha de Rafael que quer estudar “mas lá [na ilha dos Búzios] é tudo mais difícil”, ele completou. Além disso, também possui a vontade de trazer os pais, já idosos com 72 e 64 anos sendo que sua mãe convive com o mal de Parkinson.

O imóvel que Rafael está construindo com tanto sacrifício fica perto da obra e da pedreira no bairro São Francisco. Mas o sonho acabou se tornando um tipo de pesadelo desde que uma pedra grande rolou em direção ao imóvel, destruiu um muro e a ligação de água e esgoto. Passando por ruas, becos e vielas – atalhos para encurtar o caminho até o local do acidente -, Rafael conta que está construindo há aproximadamente 4 anos e que a nova casa própria é um bem valioso para sua família.”Achei quando comecei que estava fazendo um bom negócio. Não descia caminhão”. “Ocorreu um desnível, minha casa desceu e a rua subiu”, explica o pescador. Além do prejuízo material Rafael, que ainda paga financiamento do seu próprio barco, também vive a frustração de ver um trabalho já adiantado, destruído e ter que recomeçar sem qualquer “satisfação” dos autores desta tragédia, que não foi natural, somente causada pela chuva. “Trouxe boa parte dos blocos com as mãos, sei quanto custou cada gota de suor”. 

De acordo com a urbanista Raquel Rolnik, a lei das calçadas, que existe na capital, atualmente, deve ser de 1,20m, antes era 90cm. Justamente o limite entre a rua de terra e a casa do pescador Rafael. “Desanima a gente né? que gastou dinheiro e agora vê tudo derrubado”, disse Rafael, que tentou ligar para a empreiteira, responsável pela obra, sem sucesso.

Com o peso das maquinas somado à chuva a rua desceu, uma pedra grande rolou morro abaixo destruindo um dos muros construídos por Rafael. Outra pedra grande, com cerca de duas toneladas, segundo ele, também ameaça rolar em caso de uma chuva mais forte. “Eles vieram arrumar, mas ficaram enrolando e não arrumaram. Tinha a ‘paredinha’ do cavalete, eles retiraram o cavalete, vazou água”. “Nem sei se vazou água pra rua ou para o meu lado, se foi pro meu lado vou ter que pagar”.

O pior, disse ele, é a empreiteira falar que fez o serviço sendo que nada aconteceu. A pedra que destruiu o muro continua em baixo e a que ameaça cair na direção do imóvel também. “O pedreiro já falou que, se cair, condena a casa”.

O pescador disse que tentou contato com a empreiteira mais que foi difícil até fazer com que algum representante da Queiroz Galvão fosse ao local. “O muro estava quase pronto, meio caminho andado, eles ainda vieram quando eu não estava aqui”, afirma Rafael, que passa a maior parte do seu tempo no barco de pesca. Rafael foi avisado por vizinhos sobre a visita dos funcionários da empreiteira. “Estou sem água se o pedreiro quiser trabalhar não tem condição”. “Preciso que eles tirem a pedra para eu poder reconstruir o muro”, completou. 

Marcelo  2

Segundo sua assessoria, Queiroz desconhece ocorrência na rua Ibiporã – A Queiroz Galvão afirma que utiliza apenas os caminhos de acesso que estão aprovados pelas autoridades competentes. A construtora informa também que, de acordo com os seus controles, a ocorrência se deu na Rua Simeão Caldeira, 482, e não na Rua Ibiporã. Cabe informar que a ocorrência foi cadastrada no sistema da empresa na sexta-feira última (15). A conclusão do trabalho está prevista para hoje (22).

 

 

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