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Preço da cesta básica aumentou em todos os municípios do Litoral Norte de SP em julho

Tamoios News
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A pesquisa da Cesta Básica Alimentar é realizada pelo Centro Universitário Módulo e a Faculdade de São Sebastião – FASS, duas instituições do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional, desde janeiro de 2018, nos quatro municípios do Litoral Norte do Estado de São Paulo: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.

A pesquisa utiliza metodologia similar à aplicada pelo DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – em São Paulo para verificar os preços e as variações de 13 produtos básicos de alimentação. O objetivo da pesquisa é identificar a variação dos preços dos produtos que compõe a Cesta Básica Alimentar nos municípios do Litoral Norte do estado de São Paulo. A coleta de preços é feita mensalmente em 12 supermercados, 3 em cada um dos municípios.

Resultado no mês (julho de 2021)

O preço da cesta básica no mês de julho no Litoral Norte/SP aumentou em todos os municípios. A Tabela 1 indica a variação nos preços da cesta básica nos quatro municípios no mês de julho, em relação ao mês de junho. Entre os municípios as variações foram: Caraguatatuba (+ 1,83%), Ilhabela ( 0,38%), São Sebastião (+ 0,84%) e Ubatuba (+ 2,72%). A média dos preços nos municípios aumentou de R$ 587,55 em junho, para R$ 595,13 em julho (maior preço da cesta na história da pesquisa), variação de + 1,29%.

O aumento médio nos preços da cesta foi maior nos municípios de Ubatuba e Caraguatatuba, que tem preços menores. Já nos municípios de Ilhabela e São Sebastião essa variação foi menor, mas esses municípios continuam com as cestas mais caras.

Tabela 1 – Variação e preço da Cesta Básica Alimentar

O Gráfico 1 apresenta o preço da cesta básica nos 4 municípios do Litoral Norte e a média em julho de 2021. O preço da cesta básica mais elevado foi registrado no município São Sebastião R$ 612,08 e o menor preço em Caraguatatuba R$ 580,59. A diferença entre a cidade que tem a cesta básica mais cara (São Sebastião) em relação a mais barata (Caraguatatuba) foi de 5,42%.

Gráfico 1 – Valor da Cesta Básica em junho de 2021, em reais

Dos 13 produtos que compõe a cesta, em julho, 8 apresentaram alta nos preços e 5 apresentaram recuo na comparação com os preços do mês de junho, conforme apresentado na Tabela 2. Os produtos que apresentaram maiores altas no mês de junho foram: tomate (39,00%), açúcar (+ 8,43%), pão francês (+ 3,58%) e café (+ 2,70). Enquanto os produtos que apresentaram maiores reduções foram: batata (- 28,29%), banana (- 8,24%) e feijão (- 7,18%). A preocupação para os consumidores foi a alta acentuada no preço do tomate e do açúcar.

A boa notícia foi a redução nos preços dos produtos básicos como feijão, arroz e óleo de soja, os grandes vilões na alta de preços ao longo do ano de 2020. A seguir um maior detalhamento das razões das variações nos preços dos produtos que compõe a Cesta Básica.

Tabela 2 – Variação em percentual nos preços dos produtos que compõe a Cesta nos últimos dois meses

O aumento no preço do tomate é consequência da redução da oferta disponível no mercado e do realinhamento de preços em relação ao mês de junho. Em junho o produto havia apresentado redução de 23,62%, maior queda entre todos os produtos que compõe a cesta, em julho com a chegada do período de entressafra foi reduzida a oferta no mercado e os preços voltaram a aumentar.

O açúcar também figura entre os produtos com maior preço nos últimos quatro meses, o que é consequência da maior elevação dos preços internacionais do produto e da queda da produção de cana-de-açúcar no Brasil com a seca mais intensa em 2021. Consequentemente ocorreu a redução da oferta de cana-de-açúcar, o que provocou o aumento dos preços dos seus derivados como o açúcar e o etanol (produto que não é objeto dessa pesquisa).

O preço da manteiga e do leite é consequência da chegada do inverno com a piora da qualidade das pastagens, que reduz a alimentação para o gado e provoca aumento dos custos de produção com o aumento da utilização de ração. Cabe destacar, também, o aumento nos preços da ração que tem como base para a produção soja e milho, produtos que apresentaram forte elevação nos preços no último ano.

O amento no preço do café é consequência da redução da produção. Conforme estimativa da EMBRAPA a produção total dos Cafés do Brasil para esta safra de 2021 foi estimada em 48,80 milhões de sacas de 60kg, das quais 33,36 milhões são de café da espécie arábica e 15,44 milhões de café conilon. Tal estimativa representa uma redução de 22,6% da safra de 2021 em comparação com a de 2020, que foi de 63,07 milhões de sacas. ( fonte: https://www.embrapa.br/busca-denoticias/-/noticia/62520035/estimativa-da-safra-dos-cafes-do-brasil-de-2021-tem-reducao-de226-em-comparacao-com-2020).

A batata e banana pelo terceiro mês consecutivos figuram entre os produtos com maior redução de preços, consequência de maior oferta no mercado interno com a chegada de uma maior produção ao mercado.

O feijão, produto que tem demanda e oferta ligada ao mercado interno, apresentou redução nos preços por conta da chegada da safra da seca no mercado, aumentando a oferta do produto e, consequentemente, com queda nos preços.

O impacto do frio do frio intenso da última semana de julho e os primeiros dias de agosto na produção agrícola ainda não foi identificado na presente pesquisa. Uma possível alta nos preços em decorrência dessa questão climática será observada na pesquisa com os dados do mês de agosto.

Resultados nos últimos 12 meses

A variação nos preços dos produtos da cesta básica nos últimos 12 meses exclui fatores sazonais como a alta e a baixa temporada, características dos municípios litorâneos ou variações decorrentes dos períodos do ano como safra e entressafra, típicas dos produtos agropecuários. A comparação anual, conforme Tabela 3, aponta o aumento de preços da cesta básica no mês de julho de 2021 em comparação a julho de 2020. O preço da cesta básica aumentou nos quatro municípios do Litoral Norte, em Caraguatatuba (+ 33,39%), Ilhabela (+ 26,84%), São Sebastião (+ 29,84%) e Ubatuba (+ 31,58). Nos últimos 12 meses os preços da cesta apresentaram variação de + 30,33%, muito superior em relação a prévia da inflação nacional que é Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cuja variação nos últimos nos últimos 12 meses (de junho 2020 a junho de 2021) foi de 8,35%. Ou seja, a cesta aumentou quase quatro vezes a mais do que a inflação nos últimos 12 meses.

Tabela 3 – Variação e preço da Cesta Básica Alimentar – 12 meses

O aumento nos preços dos alimentos básicos é muito preocupante, pois atinge mais diretamente a população com menor renda, que gasta proporcionalmente mais na aquisição desses bens. A inflação dos pobres é maior que a inflação média, considerando a redução do poder de compra daqueles que ganham menos. Por exemplo, quem ganha salário mínimo teve reajuste de 5,25% enquanto o custo da cesta básica teve elevação de 30,33%, quase seis vezes mais.

A Tabela 4 aponta o preço médio e a variação dos 13 produtos que compõe a cesta básica alimentar nos últimos 12 meses. Entre os produtos que apresentaram maiores variações positivas nos últimos 12 meses, destaque para tomate (+ 128,94%), o óleo de soja (+ 89,19%), e carne bovina (+ 45,71%), manteiga (+ 37,08%) e arroz (+ 30,99%). O aumento o preço do tomate pode estar relacionado a alta nos custos de produção e problemas de escassez do produto em 2021.

Entre os produtos que apresentaram reduções de preços destaca-se a batata (- 18,15%), consequência de uma maior safra em 2021. A boa safra de feijão (-1,51%) também contribuiu para a queda no preço do produto em 2021.

Tabela 4 – Preços dos 13 produtos que compõe a cesta básica, em reais, nos últimos 12 meses em reais e variação de junho 2020 a junho de 2021

O Gráfico 3 aponta a variação nos preços da cesta básica nos últimos 12 meses. O destaque é no segundo semestre de 2020 no preço da cesta básica em 27,37%, saindo de R$ 456,63 em julho para R$ 581,59 em dezembro. E em 2021 há uma estabilidade nos preços no patamar elevado, destaque para o preço de julho de 2021, o maior valor da série histórica.

Gráfico 3 – Preço da cesta básica no Litoral Norte nos últimos 12 meses

A Tabela 5 apresenta a variação dos preços nos últimos 12 meses no Litoral Norte.

Tabela 5 – Preço da Cesta Básica nos últimos 12 meses

Os preços da cesta básica estão estáveis em 2021, no entanto os preços dos alimentos continuam altos nos últimos 12 meses, com variação bem superior a inflação média ou o aumento do salário mínimo. A preocupação é de uma possível alta nos próximos meses em decorrência do frio rigoroso na última semana de julho e nos primeiros dias de agosto. A geadas podem ter comprometido a produção agrícola nas regiões sul e sudeste. O impacto será verificado nos resultados da próxima pesquisa.

Equipe Técnica